quarta-feira, 30 de junho de 2010

era uma vez

Os dois suados naquele vai e vem, e vira, e mexe, e encaixa, e dobra a perna e estica a língua para alcançar. E de repente ela se distrai e fica estática. Ele não entende, estava indo tão bem!
- O que é que houve?
- Achei um cravo nas tuas costas. Dos grandes!
- E daí, pô?
- Deixa eu espremer, benhêêê?

E lá se foi a ereção dele, cultivada com os afagos intermináveis dela.

terça-feira, 29 de junho de 2010

muito prazer, obrigada

tenho um homem
que me cutuca a carne
debaixo das unhas
e lacera meus lábios
em pensamento.

dele, extraio o licor
e o entrego
desencantado
à vida.
sem traumas/no drama

deite
no
divã
e
descarregue
queixas
complexos
desafetos
e
depois
arrisque-
se
num

ohhhhmmmm

relaxou?

hein?

e
vire
e
se
acomode
e
abrace
as
pernas
e
adormeça
e delire
nos
sonhos
até
babar
como
o
mais
comum
dos
mortais

boa noite

ZZZZZZZZZZZ

segunda-feira, 28 de junho de 2010

e era tanto amor

O taxista Toninho nunca deixa uma dama na mão. Não que aquela ali parada na calçada pudesse ser considerada uma dama, mas em fim de mês não podia recusar uma corrida.
Parou o táxi alguns metros adiante e olhou-a vindo pelo espelho retrovisor. Ela mesma abriu a porta e sentou no banco do passageiro.
- Pensei que não fosse parar!
- Me distraí, dona.
Toninho ficou desconfiado, porque ela usava uma peruca que cobria boa parte do rosto. E se fosse uma bandida, uma sequestradora, uma matadora de aluguel? Deu uma boa olhada no que conseguiu. Realmente tinha boas coxas, coxas que valeriam a pena o risco.
- Não te atreve, cara, senão eu passo fogo!
Toninho levou o maior susto com a arma apontada para o seu nariz. Não tinha muita certeza, mas ela se parecia demais com alguém do seu passado.
- Ivonete! Eu tava desconfiando... é você mesmo?
Aqueles olhos azuis e estrábicos só podiam pertencer a uma mulher.
- É tu, Toninho?!
Não era qualquer um que tinha dentes de enxada muito separados na frente.
- Não acredito! É tu mesmo? Tu estudou tanto pra virar motorista de táxi?
- É, não teve jeito... advogado ou não, eu tenho que ganhar a vida. Mas o que VOCÊ anda aprontando com esse trabuco na mão?
- Desde a última vez que a gente se viu muita coisa rolou. Se tu me pagar uma bebida eu podia contar...
- Não vai dar. Tô com o dinheiro contado.
- Tu negas um trago pra mulher da tua vida?
- Que me largou sem uma explicação.
- Tu sabes como o Maycon mexia comigo.
- Tu sabes que eu te amava acima de tudo.
- Vai me pagar uma bebida ou não?
- Não dá, meu. Eu tenho mulher e filho me esperando em casa.
- Se é assim, então me passa tudo de uma vez, a carteira, o casaco e a chave do carro. E pode ficar com a peruca.


domingo, 27 de junho de 2010

tem que correr, tem que suar, tem que malhar

Já viu? Tem gente que fica torcendo pro Brasil pegar (antes que me esqueça, tô falando da Copa) os times mais fracos e capengas. Eu não. Quero que jogue com os mais fortes, que mostre se sabe correr, e também atacar e se defender. Senão qual a graça?
Falou a torcedora louca por um bom jogo. ;)

sábado, 26 de junho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ele, ela

Ela entrou primeiro, ele veio atrás, com várias pastas na mão. Ele sorriu primeiro, ela baixou a cabeça de leve, sem saber para onde olhar. Estava atrasada para uma reunião. Ele olhou para o chão e viu que ela usava saltos e tinha pés bonitos. Os dedos pequeninos, as unhas pintadas de vermelho, a pele branca, muito branca. E tinha pernas fortes, esguias, igualmente brancas. E sedutoras. Ele comentou a chuva lá fora, ela olhou o relógio. E então ele a olhou por inteiro, e a quis toda, entre as quatro paredes do elevador. E então ela levantou o olhar e percebeu que ele existia, quente e viril, debaixo do uniforme. Ele a olhava tão íntimo, a desnudava das roupas e das obrigações. Ela ardia sob o olhar dele, e imaginava o roçar dos lábios nos lábios dele, a pele quente, suada, nas mãos dele, os quadris colados nele, o abandono. Ele apertou o botão de emergência... ela entreabriu os lábios... e o resto você já sabe.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pra quem não sabe, eu conto agora. Tinha um projeto erótico iniciado há quatro anos. Ano passado terminei, até que enfim! Mandei pra algumas poucas editoras que ainda recebem originais de autores desconhecidos e procuro uma brecha. Enquanto ela não vem vou me divertir por aqui com essas coisas que escrevi.
Fica uma versão ligeiramente reduzida, um tantinho censurada, e que nada tem de autobiográfica, OK? Toda quinta trago uma parte nova.

Deu nisso ler Anaïs, Bukowski... e outros atrevidos...


zero

FLORIPA-SÃO PAULO

Seis e meia no meu relógio. Olhei para fora: São Paulo! Eu sei, devia ter me despedido direito de Chico e seu Érico, mas a euforia foi mais forte, não pensei em toda aquela loucura de ir embora, só fui em frente arrastando as malas. Disse que ligaria quando pudesse, Deus sabe quando seria isso, dei um beijo na bochecha de cada um e corri para não perder o ônibus. Ei, me espera! Nem olhei para trás, sabia que os dois estavam aliviados de me ver partir e tinham seus motivos. Eu também, porque pensava em um destino diferente.

Vi muita gente na rodoviária, menos Karen. Procurei um cigarro na bolsa, no meio da bagunça, e não achei. Um menino me cutucou, queria um trocado, qualquer moedinha para ajudar a mãe. Por favor, moça. Fingi que não era comigo, ele insistiu, fez cara de coitado, tive pena. De repente é pra comer mesmo... Abri a bolsa de novo, tirei dez centavos de algum canto. Ele me olhou de cara feia, mas arrancou a moeda da minha mão e me deu as costas resmungando..

Sentei. Se Karen não aparecesse, eu teria que me virar. Da cidade só conhecia a região perto do apartamento dela e alguns bares da vizinhança. Não sabia andar de metrô nem como pegar um ônibus. Que merda! Liguei mil vezes e deu sempre fora de área. Por que é que quando a gente mais precisa o celular dos outros não está disponível? Sem cigarro, comecei a roer as unhas.

Seu Érico liberou a viagem confiando que com a prima por perto sua caçula andaria na linha. Pobre do meu pai... Se eu quisesse sumir nem Karen nem ninguém me seguraria. Mas ela tinha seus méritos. Ela me ensinou a segurar um cigarro com classe e quando cismei de namorar o menino mais lindo da escola ganhei umas aulas caprichadas de beijo de língua. Nunca contei a ninguém – nem a ela –, mas Karen beijava muito melhor que ele.

Acenei quando a vi chegando esbaforida. Ela veio e me abraçou e me apertou e já começou a tagarelar sobre o congestionamento, era para eu ir me acostumando. E lá fomos nós.

O apartamento era bacana, meio pequeno, mas ensolarado e colorido. Fundos, dois quartos. Me instalei no que servia de escritório. Karen havia colocado um sofá-cama entre a máquina de costura e o computador. Não era o lugar mais confortável do mundo, mas eu não tinha escolha.

Mal larguei minhas coisas ela se despediu dizendo que as toalhas ficavam na cômoda e que se eu quisesse comer tinha salada e frutas na geladeira, qualquer dúvida era só ligar para o número perto do telefone. Não sou besta, já tinha devorado duas coxinhas no ônibus e fui logo me espalhar na cama do outro quarto. De casal, dessas king size, boas para rolar a noite toda. Mas sem esses lençóis de cetim escorregadios do caralho!

Ia só testar o colchão, já que lá em casa nunca teve esses luxos. Só um pouquinho, vai... Acabei pegando no sono e dormi quase o dia todo, acho que até ronquei. Quando acordei ainda estava sozinha. O que se faz nessas horas? Fui dar uma vasculhada no armário. Tentação. Passei os olhos pelos vestidos, mas o que me interessou foi a prateleira de sandálias. Várias, arrumadas lado a lado. Tirei algumas e calcei a dourada, salto altíssimo, com tiras que subiam pelas pernas, muito sexy. Eu desfilava pelo quarto quando Karen chegou.

- Eu arrumo tudo como tava.
- Espero que sim. Conseguiu dormir?
- Consegui dar uma relaxada. Nossa, que cama, hein?
O corte:
- Já tomou banho?
Fiquei sem graça:
- Não, esqueci.
A boa surpresa:
- Vem, vamos jogar uma água no corpo.

Não poderia haver ideia melhor do que tomarmos banho juntas. Meu cabelo batia nas costas e Karen sempre gostou de cuidar dele quando ia passar as férias lá em casa. Eu sentava entre suas pernas e ela me penteava até cansar, era como se eu fosse sua boneca, a preferida.

Ela não tinha perdido a mania e continuava com as mãos delicadas. Passou xampu e me deixou com uma peruca de espuma branca que custava a se desmanchar. Sem querer – ou não – me roçou as costas com o bico dos seios. Não me afastei, era um toque sutil, fazia cócegas. Encostou os quadris, senti os pelos dela na minha bunda. Me virei. Nos abraçamos com o resto da espuma e rimos enquanto a água escorria entre nós. Ficamos debaixo d’água até a ponta dos dedos murchar.

Naquela noite não precisei ir para o sofá-cama. O sono não vinha, por isso Karen me chamou para a cama dela e me fez cafuné. Tudo era novo pra mim. Aos poucos fui me acostumando com os lençóis. Cheguei mais perto de Karen, me agarrei às suas coxas e me permiti enfim sonhar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ele, o coelho

Ele cansou de correr da Alice e de levar a fama pelos ovinhos de Páscoa que nunca ajudou a pôr no mundo. Ele queria mais da vida. Ele almejava ser reconhecido por seu intelecto, e não por seus olhos vermelhos, seu pelo branquinho e suas avantajadas orelhas. Assim, ele, o coelho, passou a investir em conhecimento e a devorar, literalmente, toda informação que lhe caía nas mãos. Digo, patas. Como se pode ver na foto abaixo, tirada com exclusividade por nossa repórter de plantão, ele está no caminho certo. Ele vai chegar lá.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Dardos pra mim, Dardos pra vocês

Marcia, do Mamãe Recomenda, foi uma fofa quando me indicou. Eu fico meio sem saber o que fazer quando chegam selinhos. OK, desta vez vou indicar. Não os 18 blogs pedidos, mas cinco que visito com frequência e, lógico, ADORO.

Palavras... apenas momentos
No Lipstick
Êxtase e rock and roll nos porões da mente
Abra o Bico
Menina Misteriosa
Lisa vai casar

O vestido chegara naquela tarde, e havia ficado sobre o sofá da sala, imaculado, solene, dominando o ambiente. Não havia com o que se preocupar. Rapidamente escolheu uma roupa para aproveitar sua última noite de solteira. A calcinha tinha que ser preta, pequenininha, dessas que vão entrando na bunda a cada passo, sem marcar o corpo. Lisa passou batom e guardou o celular na bolsa, mas não teve tempo de fazer mais nada, porque a campainha tocou.

- Você por aqui?

O tom nada tinha de inocente, e era óbvio que no outro dia Igor acabaria sabendo do encontro. Ele tocou seu braço e foi o que bastou para ela ficar eriçada, a pele, os pelos da nuca. Chegou perto demais e ela pensou em Igor e o desejo apenas aumentou. No fundo não o perdoava por tê-la traído um mês atrás, e o pior, ter confessado, para em seguida pedi-la em casamento. A aliança no dedo não a fez esquecer.

Sem ter como se livrar da presença do homem, convidou-o para sentar. Conversaram durante um bom tempo, beberam além da conta, provocaram-se. Ela não sabia mais onde colocar as mãos, que eram adeptas de todas as sacanagens e se enfiavam entre as pernas com conhecimento de causa. Tinha urgência de tocá-lo.

- Amanhã é o grande dia - ele disse. Ela concordou e languidamente se deixou levar ali mesmo no sofá. Ele afastou um pouco a calcinha e fez com que ela sentasse no colo dele. – Você vai ser uma noivinha linda.

Ele lambeu-lhe a ponta dura de cada mamilo. Ela perdeu-o de vista enquanto “aaaahs” e “oooohs” saiam janela afora, noite adentro. Passaram a noite juntos na futura cama do casal e só acordaram porque Igor ligou, voz de ressaca, de quem andou metendo por aí sem a menor culpa.

Não se desesperou porque tinha um ajudante em casa que fechou o zíper do vestido e fez questão de escolher a lingerie, mas só depois de uma rapidinha na poltrona preferida de Igor, abrindo caminho em meio às camadas de tule. Ela já pensava em loucuras para um futuro próximo.

Foi encontrá-lo de novo na porta de igreja. O ar arrogante permanecia, o nó da gravata estava meio torto. A cerimônia estava atrasada, a noiva, afogueada, quase sem maquiagem e sem a cinta-liga. Ele mostrou a peça delicada no bolso e ambos sorriram, entrando na igreja como tinha que ser, de braços dados. Loucos um pelo outro.

Diante do padre e do noivo, que também era seu filho, ele sussurrou no ouvido de Lisa que estava de pé a ideia de inaugurar seu buraquinho apertado, este sim ainda virgem, quando voltasse da lua-de-mel. Em frente ao padre ela disse sim, o esperado sim, e ninguém entendeu direito.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Valeu, Amargha!!!

Pelas fotos dá pra ver minha cara de bestinha porque chegou a camiseta que ganhei na promoção da Amargha Reth®, aquela moça que dá conselhos todo sábado no blog Palavras... Apenas Momentos, da Luna. A Luna querida.

Me desculpem a qualidade más o menos das fotos, mas não aguentei a ansiedade e quis postar logo. Ói eu aqui:


sábado, 19 de junho de 2010

terapia de casal

Estela: Eu sempre quis que o Ulisses lembrasse do meu aniversário. Não porque eu precise de presentes caros pra me sentir amada. Um beijo bastaria. Na véspera eu costumo dar pistas, com jeitinho, e nem assim ele se toca. Aí chega o dia e eu sou obrigada a falar. Ele pede desculpas e me abraça, promete lembrar na próxima vez, mas isso nunca acontece.

Ulisses: Tem horas que não consigo entender a Estela. O fato de eu esquecer datas especiais não quer dizer que eu não a ame mais. Às vezes estou cansado demais, procupado com o trabalho, com as prestações da casa, com os namorados das meninas, até mesmo com ela. Me sinto culpado quando ela me olha decepcionada, mas não vejo essas pequenas falhas como motivo de afastamento e mágoa.

Estela: Mas o Ulisses bem que podia enxugar a louça uma vez ou outra, colocar o lixo na rua sem eu ter que gritar, cobrar horário das nossas filhas... me sinto sobrecarregada com a casa e as meninas.

Ulisses: Parece que a Estela não dá a mínima pro meu cansaço. É verdade que eu tenho preguiça de enxugar a louça e não sou muito rígido com as meninas, mas nunca deixei faltar nada em casa. Isso também é importante, não é?

Estela: Eu sei, eu sei que o Ulisses faz tudo pela família, mas acho que sinto falta de romantismo na nossa relação.

Ulisses: Se a Estela fosse um pouco menos estressada, só um pouco.... a gente poderia se entender melhor. E ter mais sexo também...

Estela: E teria, se o Ulisses tivesse parado de fumar como prometeu.

Ulisses: Eu ia parar de fumar se a Estelinha aprendesse a fazer um Tutu à Mineira tão bom como o da minha mãe.

Estela: Eu faço o que posso, mas ele continua vendo TV até tarde.

Ulisses: E ela estoura o limite do cartão todo mês.

Estela: E ele solta pum debaixo das cobertas.

Ulisses: E ela esquece de dar descarga depois de fazer cocô.

Estela: Ele tem chulé!

Ulisses: Ela tem mau hálito!

Estela e Ulisses: Eu quero o divórcio!!!

Terapeuta: Finalmente vocês concordam em alguma coisa!


quinta-feira, 17 de junho de 2010

fantasias de uma dona de casa no bar da esquina

Ele estava com outra mulher, sentado à sua frente. Ela arriscou um olhar para ver o que acontecia. Ele sorriu, mas foi muito rápido. Ela tomou um gole de cerveja e olhou de novo, querendo uma confirmação. Dessa vez ele não olhou, apenas beijou a mulher que o acompanhava. Beijo na boca, beijo babado, de língua, de entrega total. Ela teve vontade de ir embora na mesma hora, mas foi obrigada a esperar pela boa vontade do garçom. Pediu a conta. Ele também. Ela torceu para a mulher ir ao banheiro, só que a outra não se mexeu para isso. Os dois se levantaram para sair. Ao passar por ela, ele deslizou rapidamente a mão por seus ombros e puxou a alça do vestido, sem olhá-la. Ela sentiu um arrepio como há tempos não sentia, um aperto por dentro, uma vontade insana de arrancar a roupa e se entregar para ele no meio do bar, diante da mulher e de todos. Ela os seguiu com os olhos até a saída e terminou a cerveja e respirou o ar quente da noite antes de ir para casa.

Ainda o viu algumas vezes no mesmo lugar, à mesma hora, sempre com mulheres diferentes, e sonhou com o dia em que chegaria a sua vez de deslizar o corpo sobre o corpo daquele homem. Mas isso jamais aconteceu, porque seu marido não a deixou mais sair sozinha depois que voltou de viagem.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

xô, olho gordo!

Sabe aquela pessoa que está sempre de olho em você, rondando, fala macio, aparece no dia seguinte com algo muito parecido ou igual ao que você usou no dia anterior e ainda imita seu comportamento? Socorro, me dá um galhinho de arruda pra colocar atrás da orelha, porque tem dois olhos do tipo obeso tentando me urubuzar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

tá limpo

- Rose, queria falar com você um minuto, pode ser?
- Claro, o que foi, meu amor?
- Eu tô balançado por outra pessoa e tô indo embora.
- Eu acho que não entendi direito. Que história é essa?
- Não queria que fosse assim, mas resolvi contar porque te considero muito e quero jogar limpo.
- E você já ficou com essa pessoa que te "balançou"?
- Fiquei... uma vez, uma vez só.
- Transou com ela?
- Sim...
- E foi bom?
- Prefiro não falar sobre isso.
- Mas eu quero, e nós vamos falar sobre isso.
- É... que é muito recente.
- Recente quanto?
- Dois meses?
- Você esperou dois meses pra vir me dizer alguma coisa e diz que é recente? E quem é ela, pelo menos eu posso saber?
- É... é a...
- Quem, porra?!?!
- É a tua massagista.
- A Vanda? Essa é boa! Não era você que ria porque ela falava "poblema"?
- É.
- E agora você come a Vanda e não tem "poblema", não é? Então vou jogar limpo também: eu espero que você se foda com aquela vaca que fala errado, que vocês dois morram!
- Que é isso, Rose? Não conhecia esse teu lado.
- E antes de sair deixa um cheque pela metade das compras do mês, e a chave do carro e do apartamento. Ah, e devolve aqueles quinhentos reais que te emprestei semana passada.
- Mas, mas...
- E isso é só porque eu te considero muito, viu, Luís Cláudio?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

rotina

Quando eu digo que preciso de uma hora pra me arrumar, o povo não acredita. Ri, diz que eu demoro demais, que é exagero, que eu tô extrapolando Por que, oras? Eu só...
- tomo um banho de 15-20 minutos;
- corro pro quarto, me enxugo, passo leave-in no cabelo e seco com secador;
- besunto o corpo de hidratante;
- ligo o som;
- dou uma dançadinha;
- coloco as lentes, lavo e enxugo o estojo;
- faço uma maquiagem básica;
- verifico a sobrancelha - se tiver pelinhos extras, tiro tudo;
- dou geral no rosto atrás de cravos ou espinhas;
- passo fio dental, escovo os dentes, escovo a língua, faço bochecho;
- penso na roupa, olho a rua, o céu, pra ver como está o tempo;
- dou mais uma dançadinha;
- troco a música;
- passo perfume;
- passo protetor solar;
- coloco soro no nariz, depois um remedinho pra rinite;
- ainda danço mais e canto, se possível;
- escolho calça e blusa;
- limpo o sapato;
- troco a música;
- passo creme nas mãos;
- coloco relógio, brincos e anéis;
- verifico a bolsa, pra ver se faltou alguma coisa;
- dou a última dançadinha;
- pego os fones de ouvido e o player;
- desligo o som com tristeza;
- passo gloss, coloco os óculos na cabeça, fecho a porta e vou embora quase atrasada.

É demais?

domingo, 13 de junho de 2010

Cena 1

A mulher entra no apartamento. Hesita antes de acender a luz da entrada. Larga as chaves no cinzeiro e caminha pelo corredor enquanto começa a tirar a roupa. Pela expressão parece cansada. Pega o robe sobre a cama e vai até a cozinha. Alguém a observa na escuridão sem que ela se dê conta. Ela solta os cabelos e abre a geladeira. Para alguns segundos, depois serve-se de um copo e bebe. Ela acha que ouviu um barulho e quando se volta para ter certeza se realmente há algo estranho dentro do apartamento, sente um golpe nas costas. Antes que tenha tempo de ver quem é, a faca rasga o robe e a atinge em cheio. O copo cai de suas mãos abruptamente, em seguida ela cai sobre os cacos e tenta agarrar o pé do homem que permanece na penumbra. Quando seus olhos encontram os do homem, ela tenta gritar, mas não consegue. Sai muito sangue de sua boca. Ela desmaia com o braço esticado na tentativa de alcançar o homem.

O diretor grita "corta!", mas o corpo permanece no mesmo lugar. Todos se movimentam freneticamente no set. O diretor e seu assistente pedem à atriz que pare de brincar e se levante logo para ver como ficou a cena. Ela não se move. O diretor, seu amante, corre até o corpo e não considera aquilo mais uma brincadeira. A atriz não respira e está coberta de sangue, sangue de verdade. A equipe boquiaberta cerca o corpo. Pela primeira vez o diretor não sabe o que fazer no próximo momento. Alguém pergunta quem era o ator que fez o assassino, todos procuram por ele. O diretor abraça o corpo frouxo, alheio à movimentação ao redor. O segurança avisa que viu o homem sair atordoado e pegar um táxi na porta.

Eles não sabiam que aquele era o marido da atriz, também ator, que não conseguia trabalho há meses. E que a atriz havia conseguido esse bico para ele um dia antes. E que ele, depois de desconfiar que a mulher era amante do diretor, preferiu acabar com tudo e ir morar de vez com sua própria amante.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

revelações

A noite
cala o sono
A noite vara
o sonho
do poeta

injusta
não dura
e jura
o retorno
inquieto
à luz da manhã.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

TEA FOR TWO

O fusca parou com estardalhaço na frente do prédio às nove e pouco da manhã.
- Não vai me dar um beijo, Amor?
Descabelado e de cueca, ele quase engasgou ao vê-la ali tão... tão disposta a entrar em sua vida. Ela sorria como um anjo. Era o diabo em pessoa!
- O que é isso?
Resposta que é bom, nada. Ela já estava enroscada nele.
- Que é que te deu?
- Tô a super a fim de ficar mais tempo com você, tipo transar sem pressa, acordar junto, essas coisas.
- Opa, pera aí. Eu nunca disse que queria isso. Quer dizer... não agora.
- Você nunca pensou na gente morando junto?
Já, é claro. Fumaça de cigarro no quarto na hora de dormir, calcinha pendurada no banheiro, papelzinho de chocolate embaixo da cama, televisão ligada o tempo todo e pia cheia, geladeira vazia... NÃO!
- De verdade. Eu te acho um tesão de mulher, superastral, linda, bem-humorada, mas não tava esperando isso.
- Tá beleza, tô entendendo tudo... e eu aqui me abrindo...
- As coisas não são bem assim. Não posso decidir de repente, na pressão.
- A gente tá saindo direto há seis meses, tu te amarra em mim, eu sei, eu sinto.
- Não tem um espaço legal aqui para você.
- Pô, confessa, tu tá é com medo.
- Pode ser, eu não tô acostumado com mulher direto em casa.
- Então é isso? Relaxa. Eu não sou nenhum bicho papão.
- É... hum... tá...
- Tá o quê?
- Vamos tentar...
- Vamos?
- Vamos. Vou arrumar um lugar pra você no armário.
- Sabe por que eu te amo?
- Não... quer dizer, não sei.
- Você é um cara que sabe tomar as decisões certas.
- É, pode ser...

terça-feira, 8 de junho de 2010

deleite

Gosto do prazeres
mais raros

os mais caros

um dia de sol

riso teu que me invade
e me faz arco-íris.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

ETERNOS NAMORADOS

- Que porra é essa, Malu?
- O que sobrou do almoço mais o que tinha na geladeira. Não prestou?
- Ah, que ótimo! Tomara que eu não tenha uma dor de barriga.
- Duvido muito. Tens estômago de avestruz.
- A gente acostuma com o que tem.
- Eu que sei.
- Não tás a fim, não? Depois...
- Eu pego às duas, fofo. Olha ali a pia. Tá lotada de louça. Vê se come logo e não mastiga de boca aberta.
- Me dá um suco? Tô agoniado.
- Só tem água, pentelho da minha vida. Faz tempo que o suco acabou.
- Quanto mais tu me avacalha mais eu fico com tesão. Tu não devia nunca ficar assim de costas.
- Tava bom de tu enxugar a louça pra mim.
- Tás sem calcinha?
- Te interessa?
- Hum, e como!
- Me dá o prato.
- Tó.
- Lambesse? Imagina se tivesse bom!
- Eu queria lamber outra coisa.
- Ó, pega o pano e te vira. Vou tomar banho.
- Deixa eu esfregar tuas costas?
- Eu sei o que tu queres esfregar...
- Tua bundinha gostosa!
- Tira a mesa que já tem mosca rondando.
- Ai, Malu, e passar talquinho nas partes, tu deixa?
- Ah, vá...

domingo, 6 de junho de 2010

Take me, Spanish caravan
Yes, I know you can.

Feliz é meu namorado, que tem vizinhos que às vezes fazem churrasco ao som do Doors, não falam alto e vivem com um animal de estimação fofíssimo, um coelho. Coelho não late, não mia, não uiva. Uiiii, perfeição!

O coelho vizinho...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Oh L'Amour

Em fim de TPM, o que era tragédia perde o tom de drama, a fúria vai arrefecendo, e o coração amolece de vez quando aceita um filme romântico como opção. É assim, é? Hum-hum... é... por assim dizer. "Diário de uma paixão" parecia ter tudo que eu acho brega - o moço pobre que se apaixona pela garota rica, a oposição da família, a ruptura, os corações partidos, o reencontro, blablablá -, mas não é que eu teimei e investi? E não só isso. Também gostei. Torci, vibrei, até chorei no final, que foi meloso do jeito que esperava. Ah, eu mereço um desconto, vai... há dias que um happy end enfeitado de frufrus e lacinhos cai bem.


Lembre-se: as doidas, enlouquecidas pelos hormônios e sempre à beira de um ataque de nervos também amam. E como!





quinta-feira, 3 de junho de 2010

reedição especial - porque eu gosto muito

momento

Quando nada mais havia eu reinventei
teu cheiro.
Me joguei na cama,
te trouxe de volta entre minhas pernas,
em pensamento.
Um arrepio
e quase
a tua presença.

Mas eu fiquei só
como se fosse a lua,
com um beijo do silêncio.

terça-feira, 1 de junho de 2010

IMAGINA ESSA

Estava no terminal, caminhando depressa pra pegar o ônibus. Ligeiramente contrariada, porque tinha acabado de acabar a bateria do player e eu podia ouvir todos os sons da rua. No braço casaco e cachecol. Cachecol? Ops, cadê o cachecol que estava aqui pendurado? Três passos mais tarde descobri que ele tinha ficado pra trás, caído no chão. Putz! Voltei, me abaixei e... um senhorzinho de cabelos muito brancos e barba idem também se abaixou um pouco. Achei que fosse me ajudar... que vovô simpático! Simpático nada. Safado. Com voz de sedutor barato, quis se fazer de bobo, dizendo que se pegasse meu cachecol ia levar pra casa e não ia me devolver mais. E falou bem perto do meu ouvido! Ai, Jesus, ainda bem que eu estava com pressa, senão ia acabar detida por bater no Papai Noel!