quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

a dama e o pug

Robusto e com a cara mais amassada do mundo, o fofíssimo pug cumpria a rotina de regar o tronco da palmeira com um jatão do seu xixizinho canino. Enquanto isso a dona, a senhora de óculos escuros e cara de poucos amigos, segurava firmemente a coleira e olhava ao redor com desconfiança. Olhando bem, não é que cachorro e dona se pareciam mesmo? Daí surgiu meu questionamento filosófico do dia: será que as pessoas escolhem seus bichos de estimação porque se parecem com eles ou os bichos acabam, pela convivência, tendo uma maior semelhança com os donos?
Hã?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

não se engane

A senhorinha, fina que só ela, passou por mim sorridente. Sorria para mim a singela lady? Não, era efeito do botox mesmo.

sábado, 24 de janeiro de 2009

é fantástico

Em 99% dos filmes americanos é normal o casal acordar de manhã e partir para um encontro de bocas que aparentemente não passaram nem por um bochecho de Listerine para abafar o hálito de dragão. Ah, se fosse assim de verdade...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

tripé tabajara

É para pessoas como eu, que não nasceram com uma mão firmona e não usam a Lumix da Panasonic (não ganhei nada pela citação), que existe o tripé caseiro. Quebra um galhão e funciona mesmo, viu? Meu irmão achou a "receita" de fabricação num fórum americano de fotografia digital e me deu de presente. É assim: você pega mais ou menos 1 m de corda de varal ou similar, amarra numa das pontas uma argola de metal e na outra um parafuso que encaixe na máquina.
Para usar, é só enroscar o parafuso embaixo da máquina, naquele lugar indicado pro tripé, deixar a corda cair, pisar na argola e esticar o fio, puxando-o pra cima.


Depois de ver o preço dos tripés no camelô resolvi virar adepta desse método. Dá uma melhorada legal nas fotos e não ocupa espaço na bolsa nem causa estragos no bolso desta contribuinte que vos fala.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

invasão

O nobre representante (operador de telemarketing) da GVT me ligou esses dias.

Ele [todo sorrisos]: Boa tarde, senhora Alline. Tudo bem com a senhora?
Eu [não muito simpática]: Tudo.
Ele [ansioso]: Eu gostaria de falar sobre os novos pacotes da GVT...
Eu [ansiosa]: Ah, moço, eu já tenho Net, tô satisfeita e não quero trocar.
Ele [bronqueado]: Poxa, nem vai querer ouvir a proposta?
Eu [aflita]: Não, moço. Como eu disse, eu tô satisfeita com o que eu tenho.
Ele [puto da cara]: Obrigado.
E desligou sem esperar que eu desse tchau. Grosso!

No mesmo dia, a mocinha da Abril surgiu do nada, sinal de que apesar de eu ter trocado o número do telefone alguém já descobriu e tratou de divulgar.

Ela: Boa tarde, senhora Alline. Tudo bem com a senhora?
Eu [achando graça porque o cara da GVT tinha usado exatamente as mesmas palavras]: Tuuuudo.
Ela [animada como uma cheerleader]: Eu estou ligando porque a senhora já foi assinante da revista Nova. É isso?
Eu [adivinhando o que viria]: Sim.
Ela [sacudindo os pompons]: Então, senhora Alline, a Editora Abril tem uma oferta especial para a senhora...
Eu [agoniada para acabar com a conversa]: Olha, eu não tenho interesse, não. Já assinei a Nova, a Cláudia, a Saúde, a Marie Claire, que é da Globo, e acho que as revistas estão muito repetitivas. Prefiro olhar a capa na banca e comprar quando tem um assunto que me chama a atenção.
Ela [um pouco histérica]: Mas senhora Alline, são 2 anos de assinatura e mais um grátis por apenas... [não lembro o valor], e a senhora só vai começar a pagar em março. Não é uma ótima oferta?
Eu [impaciente]: É ótima, sim, mas eu não tenho interesse mesmo, obrigada.
Ela [insistente]: A senhora poderia dar de presente para uma amiga...
Eu [à beira de um ataque de nervos]: Não, eu não quero mesmo, mas agradeço você ter ligado.
Ela [vencida]: Tá bom, senhora Alline. A Editora Abril lhe deseja uma boa tarde.

Ufa, dois no mesmo dia! No fundo, bem lá no fundo, eu tenho pena desse povo que trabalha com telemarketing. Afinal deve ser estressante pra chuchu ter que amolecer gente como eu todo dia. Eu sou dura na queda, ainda mais quando alguém para quem eu não dei o número do telefone vem invadir minha privacidade tentando empurrar produtos & serviços que eu não pedi para conhecer. E não tem conversa. Comigo não.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ratatouille brasileirinho

Ia eu pela Galeria Jaqueline, centro de Floripa, caminhando e cantando e suando que nem uma condenada. A missão era chegar à loja da Hering e comprar umas calcinhas de algodão com 3% de elastano e forro 100% algodão. Tudin de bom para não abafar as partes baixas no verão. Não sei por que olhei pro chão. Talvez meus olhos tenham captado um movimento ligeiro perto dos pés. Foquei. Um rato! Um rato cinza, com aquele rabinho molenga se agitando. Quis correr, mas não corri, não conseguia desviar o olhar daquele bicho nojento. Pensei em tirar a câmera da bolsa e registrar o momento sublime, não ousei. E se ele pula em cima, me agarra pelo pescoço e me morde o nariz? Enquanto eu passava e olhava e morria de medo, veio um moço com a filhota de uns 3 anos pela mão e apontou para o roedor acuado num canto, dizendo: Olha o rato, filha. Parecia que ele estava mostrando um filhote de labrador ou um coelhinho de pelo (sem acento... buááá) branco. Essa gente tem cada uma...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

iguais?

Tá, mas se as moças podem ir trabalhar de saia usando decotes generosos, por que os caras não podem estar de bermuda e regata? Qual a diferença?

trio

Trinta graus no calçadão da Felipe Schmidt e lá iam os três sorridentes góticos conversando animadamente. A menina cercada de dois meninos, todos de preto da cabeça aos pés. De coturno, sobretudo e roupas pesadas, bem de acordo com o clima tropical da Ilha. Nem pareciam suar. Ousados.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

calçada

Em dias de calor como este, quero botar os pés no chão, deixar a marca suada no piso e me sentir livre de chinelos e cia. Quero, mas não me atrevo, fico cheia de frescurites. Ai, e se estiver sujo? Lembro daqueles tempos de guria, lá pelos 10 anos, quando brincava na rua com meus dois irmãos de pé descalço. Não tinha tempo ruim. Era o pé no barro seco, na poeira da rua; no barro molhado de chuva, a lama entre os dedos, gelada. Quem disse que eu me preocupava com micróbios, bactérias, sujeirinhas bobas do dia-a-dia? Nada! Eu só queria correr pelas ruas, pra cima e pra baixo até cansar. Eu era mais livre, sim, e com os pés bem fincados no chão.

Falo porque achei entre meus papéis uma coisa linda do Peter Handke. Não sou egoísta, vou dividir:


Quando eu era criança
Ela caminhava com os braços balançando
Ela queria que o riacho fosse um rio,
O rio uma torrente
E dessa poça d'água, o mar.

Quando a criança era criança,
Ela não sabia que era criança.
Tudo era inspirado nela,
E todas as almas eram uma só.
Quando a criança era criança,
Ela não tinha opinião sobre nada,
Não tinha nenhum hábito
Ela se sentava de pernas cruzadas,
Saía correndo de repente.
Tinha um redemoinho no cabelo
E não fazia caras quando ia tirar fotografias.

Quando a criança era criança,
Era a época dessas perguntas:
Por que eu sou EU
E não Você?
Por que eu estou aqui e
por que não lá?
Quando começou o tempo
E onde termina o espaço?
A vida sob o sol não é apenas um sonho?
Não seria tudo que eu posso ver, ouvir e cheirar
Apenas a aparência de um mundo anterior a este mundo?
Existem mesmo o Mal
E pessoas que são realmente más?
Como é que eu, o Eu que eu sou,
Antes que eu viesse a ser, não era?
E como é que um dia eu,
o Eu que eu sou, não mais serei
o eu que Eu sou?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

não é?

Antigamente, as Havaianas eram consideradas chinelo de peão e as camisetas Hering, a malha de algodão pop de Blumenau. Tudo baratinho, como diria Salim, qualquer mortal podia procurar sem medo o magazine mais próximo e comprar a sua. A Colcci também começou assim, era uma malharia de Brusque que resolveu investir numa filial acanhada em Florianópolis e vendia camisetas cujo símbolo era um boneco bochechudo muito bizarro (cara de pinto?). Eu ainda tenho uma, que uso para dormir. Alguém quer comprar? Ah, velhos tempos! Hoje essas três empresas, e claro que muitas outras, mudaram o posicionamento da marca para atingir um público específico - com mais dinheiro - e se transformaram em produtos fashion. É só ver o preço na etiqueta. As Havaianas continuam sendo vendidas no Mercado Público, só que não a preço de banana. São caras as bichinhas! E a Hering? No Centro há duas lojas franqueadas nada populares. Um vestidinho de algodão, mais básico impossível, não sai por menos de 60 reais. É a marca, é a marca. Da Colcci nem se fala. Com Gisele Bündchen de garota propaganda dá arrepio de passar na vitrine. E agora o público-alvo são os teens, portanto...
O tempo passa, o tempo voa (e o Bamerindus...?), e para comprar um chinelinho de verão e uma camiseta branca terei que rechear a carteira com uma onça. Cinquentinha sem trema. Tem troco, mas dá uma dor no coração...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

essas modernidades

A cada ano que passa a grossura dos manuais dos produtinhos eletrônicos que a gente ama aumenta e a leitura destes nunca foi meu prato predileto. Não sei se por preguiça, acomodação ou mera falta de paciência, ou um mix de tudo isso. Eu abro a primeira página do calhamaço sem entusiasmo, toda desconfiada, e procuro a parte em português. Se não tem já dou um chilique - Como é que pode? - e depois de alguns palavrões é que começo. Descubro onde fica o botão LIGA e DESLIGA, aprendo a colocar a bateria ou similar, como se carrega, corro os olhos rapidinho pelas funções principais e me dou por satisfeita. Tá ótimo! Dispenso os games, a possibilidade de navegação e outras "facilidades" que não me dizem nada. Mas não é por isso que estou deixando de curtir meu novo brinquedo, uma câmera cheia de megapixels que detecta os sorrisos mais escancarados desta feliz mulher que vos fala.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

para aqueles dias

Quando você achou que já tinha visto de tudo nesta vida...


Na falta do que fazer, fui dar uma fuçada numa comunidade do Orkut sem grandes pretensões, para ver se ajudava a passar o tempo mais rápido. Isso sim é primeiro dia inútil do ano! Naquela leitura dinâmica dos tópicos, me deparei com uma expressão um tanto inusitada: menstrual cup. Na hora fiquei chocada, fiz a tradução literal da coisa, algo como xícara de menstruação, e não entendi se era ou não brincadeira. Posso confessar? Aquilo me deixou enojada. Epa, não pode! Não, não, não. Fui atrás, eu tinha que descobrir qual o real significado do tal do menstrual cup. Li alguns tópicos, cliquei nos links e vi que meu mundinho se abriu um pouco mais e ganhou informação. Basicamente, menstrual cup nada mais é que um coletor, substituto dos absorventes internos e externos, com a vantagem de ser mais higiênico, mais econômico em longo prazo e ainda ecologicamente correto. Olhando as fotos, parece um copinho de brinquedo, uma espécie de funil, é engraçado imaginar para que serve de verdade. Mas olha, a curiosidade bateu forte. O negócio é feito de silicone, dizem que é bem maleável, e parece mais prático do que os conhecidos absorventes. Pode-se ficar com ele até 12 horas, inclusive dormir!
Já que não posso mais contar com Papai Noel, quem sabe o coelhinho da Páscoa não me traz um desses de presente...

domingo, 4 de janeiro de 2009

questã

Será que o champanhe alheio que há pouco me caiu nos pés é sinal de boa sorte ou apenas de que vou ficar com a pele melequenta?

sábado, 3 de janeiro de 2009

nada será como antes

Lingüiça sem trema, vôo sem circunflexo, heróico sem acento, auto-estima sem hífen.
E eu, como é que eu fico? Eu fico tonta com as novidades.

resoluções iniciais de Ano-Novo

Dessa vez não mentalizei meus desejos enquanto via os fogos, estava mais preocupada em tentar fotografá-los sem fazer feio com a câmera nova. Mas não penso em nada muito complicado, não. Quero:
1- terminar meu livro;
2- encontrar alguns amigos que não vejo há tempos;
3- respirar cinco vezes antes de falar (e não dizer besteira);
4- não deixar o cesto transbordar de roupa suja;
5- ler mais;
6- dizer "eu não sei" sem constrangimento;
7- montar minha fábrica de endorfinas malhando;
8- dar adeus à anemia com a ajuda de muito ferro e ácido fólico;
9- quebrar minhas próprias regras; e
10- não morrer de estresse com a reforma ortográfica.