quarta-feira, 31 de março de 2010

Mais uma daquelas

Bastou a loira da toalha ao lado dar uma passada de mão nas sedutoras nádegas do seu namorado para o dia na praia acabar mal. Kika não hesitou em rodar a baiana na areia mesmo, sem se importar com os espectadores. Se Caco tivesse mais consideração não aceitaria lambuzar as costas da outra de protetor solar nem deixaria que a estranha se chegasse com tamanha intimidade. Não na sua frente, não no seu dia de folga, em que tinha grandes planos para os dois.

Era humilhação demais, e ele só sabia dizer “desculpa, gata, eu não fiz por querer”, com cara de cachorro pidão. Kika gostaria de quebrar o guarda-sol em sua cabeça e fazer a mulher engolir o tubo de protetor solar. Mas não. Correu para a casa, para a geladeira, para a torta de merengue que tinha feito na noite anterior. Era a preferida dele, e não sentiu pena de comer a metade e jogar o resto da comemoração de cinco anos de namoro no lixo. Depois lambeu os dedos e chorou.

Poderia ter sido mais esperta e contornado a situação de maneira adulta como sua irmã, psicóloga de plantão, vivia aconselhando. Estava magoada, quase arrependida, só que era orgulhosa demais para dar o braço a torcer. Será? O pretinho salvador que ele ajudara a pagar em três vezes sem juros continuava esperando no armário. Será? Olhou-o e imaginou-se feliz novamente, escandalosamente mulher. Impossível não ceder. E Kika cedeu em todos os sentidos - bebeu além do que podia agüentar, atraiu olhares, se exibiu e saiu do bar no fim da noite com o rapaz que não tinha nome.

O porteiro, quase dormindo, não lhe avisou nada. No corredor mal-iluminado faltou pouco para tropeçar em alguma coisa perto da entrada. Provavelmente era o cachorro de Marluce, um vira-lata gordo e manhoso, já meio velho, que odiava dormir sozinho em casa.

Entrou e entregou o molho de chaves nas mãos do convidado para não ter mais que pensar. Estava no limite entre os risinhos afetados e a completa embriaguez. Do lado de fora seu namorado, ou ex-namorado, dormia encolhido no chão frio, abraçado a um buquê de rosas vermelhas e murchas. Belíssimas rosas vermelhas, e murchas.
Confraria de Marocas

Daisilane: Gente, vocês já viram como a Nara tá diferente?
Jussara: Esticada demais, não é? É botox? Ficou um horror! Parece que tá sempre assustada, arregalada, sei lá.
Gerusa: Mas o filho é uma gracinha.
Daisilane: Já experimentou, nega?
Gerusa: Não, mas bem que gostaria.
Wanda: Era só o que faltava, uma coroa papa-anjo.
Jussara: Antes pegar um garoto que ser traída.
Wanda: Quê?
Jussara: Ouvi dizer que o marido da Nara tem uma amante, e vocês não sabem o pior: me garantiram que ela tá aqui nesta sala.
Gerusa: Não acredito!
Wanda: Nããão!
Daisilane: Duvido. Escuta, quem fez esse bolo? Está grudando na boca de tão seco.
Gerusa: Você não pode falar porque não trouxe nada. Aliás, você sempre esquece.
Jussara: Meninas, meninas, vamos com calma.
Wanda: Sabe que eu nem provei? Vou pegar um pedacinho. Alguém quer?
Jussara: Pra mim, não. Parei com doce há dois anos.
Wanda: Mas você tá seca!
Jussara: Nada! Olha a barriga. Ainda preciso perder três quilos.
Daisilane: Tem louca pra tudo...
Gerusa: Falando nisso, meu personal trainer me fez perder dez quilos comendo de tudo.
Daisilane: Inclusive ele!
Jussara: Olha o veneno...
Daisilane: Só estou repetindo o que o povo comenta.
Gerusa: Tudo fofoca. As pessoas falam porque ele é bonitão e é meu amigo.
Daisilane: Amigo, é? Hummm... Bom pra você!
Wanda: Ele é bom de cama?
Gerusa: Meu Deus, Wanda, ele é noivo da Telma!
Jussara: Aquela galinha que só usa saia curta?
Gerusa: Cala a boca, ela virou evangélica.
Daisilane: Essa é boa. Eu conheço a Telminha Dadivosa de outros carnavais. Ela deve estar com um olho na Bíblia e outro no pastor.
Wanda: Meu irmão saiu com ela um tempão. Um dia ele deixou escapar que ela não usava calcinha. Já pensou?
Daisilane: Não duvido que fosse pra facilitar na hora da safadeza.
Gerusa: Tá com inveja, é?
Daisilane: Eu não, minha filha. Ela não tem nada que eu não tenha.
Wanda: Ouvi dizer que ela gosta de ir com mulher também.
Jussara: E você ainda dormia na casa dela!
Wanda: Como eu ia adivinhar? Ela era namorada do meu irmão, me tratava como se eu fosse da família.
Daisilane: É... no mesmo quarto... será que ela nunca tentou nada?
Gerusa: Pra mim chega! Vou embora. Quer carona, Wanda?
Daisilane: Ahhh... já? Ainda é cedo. Eu nem comi o pastelzinho de camarão que a Jussara trouxe.
Wanda: Tá meio gorduroso demais. Ela emagreceu e quer que a gente fique gorda.
Jussara: Não, não. Isso não. Como você é terrível, Daisi!!!
Daisilane: Ué, não é verdade?
Gerusa: Tá vendo? É sempre assim. Cada vez que a gente se reúne dá nisso.
Jussara: Desse jeito é melhor a gente não se encontrar mais.
Wanda: É.
Daisilane: Tem razão.
Jussara: Mas eu não saio daqui sem primeiro contar quem é a amante do marido da Nara.
Todas: QUEM?!!!!

terça-feira, 30 de março de 2010

Lá se vai

E falando em embalagens, ao abrir a térmica de isopor que guardava um filé de salmão grelhado, daqueles escolhidos a dedo no restaurante, coloquei mais força do que o necessário e vi saltarem no ar lascas suculentas do meu peixe preferido. Fiquei imóvel por dois segundos, mirando setenta por cento do almoço do dia no piso da cozinha. Viu? Se fosse com mais calma ao tirar a tampa...
Os míseros trinta por cento que restaram foram enriquecidos com mais arroz do que o normal, para render. Quase um risoto de salmão de última hora. Preparado pela chef Alline Derruba-Tudo.
Seja sincero

Você tem paciência de abrir as embalagens pelo lado certo, procurar o picote (nem sempre visível) e seguir as instruções ao pé da letra?
Você imagina a resposta que eu daria? Hã?

segunda-feira, 29 de março de 2010

O encanador

E tem aquela da viúva da casa verde do fim da rua que mandou chamar o Volnei, filho do seu Maneca, para um servicinho rápido.

O rapaz, encanador de primeira e muito conhecido no bairro, disse ao pai que não poderia ir. Tinha sido chamado minutos antes para resolver um problema do outro lado da cidade. Iria assim que pudesse, talvez amanhã.

Seu Maneca não quis saber de conversa.

- Primeiro a dona Marilu, que é nossa vizinha. E olha o respeito, rapaz!

Ele foi, levando a caixa de ferramentas embaixo do braço, sem lembrar que dona Marilu tinha fama de ser um pouco atrevida com os rapazes que entravam em sua casa. Encontrou-a no portão, de shortinho jeans desfiado na barra e miniblusa colada. À sua espera.

- É por aqui - foi na frente, rebolando.

Se o Volnei não era de muita conversa, imagina agora que sentia estar em território perigoso. Resolveu: faria o conserto em silêncio e iria embora o mais depressa possível. Com todo respeito, preferia manter distância da dona Marilu.

Como ela indicou, o problema era com a pia da cozinha. Mas antes que pudesse se aproximar para examinar o cano, a viúva tomou a dianteira, toda provocante.

- Está vendo?

A única visão era da bunda espichada na sua cara. Tentou se desvencilhar da imensidão de carnes para ver o cano. Em vão. Dona Marilu não deu trégua:

- E então, o que você pode fazer neste caso?

Constrangido, Volnei não conseguiu se conter:

- Já tentou lipoaspiração?

domingo, 28 de março de 2010

Estrada

tinha um caminho
traçado
estreito
que descumpri

tomei outro rumo

meu caminho
agora lento
é pra dentro
de mim

sexta-feira, 26 de março de 2010

Eu disse isso

Eu e namorado conversando amenidades na cozinha. Nem lembro por que, mas falo do show da Beyonce, e conto que quem abriu foi Wanessa. Ele não tem ideia de quem seja a moça. "Wanessa... Wanessa Camargo, a filha de Zezé de Camargo e Luciano". Ele pergunta: "Filha de quem?". Eu repito na boa: "A filha do Zezé de Camargo e Luciano". E aí já é tarde. Eu disse besteira, eu digo besteira de vez em quando. E rio - MUITO. Fazer o quê?
Verdade verdadeira

Você entra numa farmácia de manipulação e é atendido por uma moça de branco muito atenciosa e simpática. Você faz o pedido, tudo corre bem... até que ela estica o braço para pegar o produto na prateleira e desponta da cava da regata um par de axilas com uma dose extra de pelos. Não exatamente à la Baby Consuelo, mas com uns dias de pausa na depilação.
Você:
a) finge que não viu - cada um com seus problemas.
b) desiste da compra imediatamente.
c) dá o telefone da sua depiladora, afinal pode ser que ela não tenha uma de confiança.
d) pede a receita do adubo.
e) N.d.a.
minimamente falando

Tomei banho frio porque a pilha do aquecedor acabou. E quando fui olhar um possível novo lar, me vieram com um apê em que a cama, embutida na parede, cheirava a mofo e xixi. E mais banho frio tomei na volta do trabalho, mas banho frio de chuva. E tudo acabou em cerveja.

Provei: eu não sou de ferro.

quinta-feira, 25 de março de 2010

E n c o n t r o

Somos um só
sob a
noite escura
que
encobre
nossos sexos.
E nos entregamos
ávidos
pelo atrito
carnes
pelos
suor
eu
tu.

quarta-feira, 24 de março de 2010

P é r o l a s

Vigésimo primeiro andar. E ninguém à vista. Ao sair do elevador deu uma afrouxada no nó da gravata e respirou o ar desconcertante da mulher. Ela estava ali, a mulher da recepção.

Pensei que não viesse mais, ela deixou escapar entre os lábios mal delineados. Aguardava-o encostada na porta com o ar blasé de minutos antes. Pérolas enroladas no pescoço, lascivas, circulando a pele, e pela primeira vez um meio-sorriso. Um aviso?

Ela tomou-lhe as chaves da mão e abriu a porta como se o quarto tivesse sido preparado para ela e o puxou para dentro com falsas garras afiadas. As luzes permaneceram acesas, ou foram simplesmente esquecidas. Ele acompanhou o par de pernas avançando em sua direção, o vestido escorregando pelas curvas do ombro, cintura, quadril, até chegar sem pressa ao chão. As coxas roçavam a meia fina, e vinham, vinham. Ele ia dizer alguma coisa antes de fechar os olhos, mas desistiu.

A pele dela exalava aquele perfume que o envolvera ao entrar no hotel. Ainda podia senti-lo. Queria mergulhar entre as pernas e experimentar-lhe o gosto, mas estava notadamente debilitado diante dos mamilos rosados que apontavam em sua direção. Tombou sem forças sobre a cama e deixou-se ficar sob o calor da estranha. O corpo não obedecia e o mundo lá fora não importava mais, os negócios, o poder, as brigas familiares, a chuva na janela. Importava o corpo dela sobre o seu, quente, remexendo. Músculos contraídos, só conseguia gemer e respirar com dificuldade, apertar os olhos e saborear a passividade momentânea. Se ela quisesse, poderia amarrar seus braços e pernas e maltratá-lo com perversa gentileza, para ver agonia e prazer se misturando em seu rosto.

Foi o que ela fez.

O telefone tocou para despertá-lo no horário combinado. Ele estava sozinho e não se mexeu. Permaneceu deitado de bruços com o colar de pérolas em uma das mãos. O corpo nu que o lençol cobria parcialmente apresentava sinais de que aquele havia sido mais do que um encontro furtivo.

Um filete de sangue escorria-lhe da boca, e com lentidão manchava o tapete ao lado da cama. Era quinta-feira, em uma hora deveria estar em reunião com os acionistas da empresa. O dia estava só começando.

terça-feira, 23 de março de 2010

Antes que eu me esqueça

Hoje Floripa tá de niver! São 284 anos de sol - e chuva -, mudanças, manezinhos, turistas, surfistas e outros "istas".
É ariana, a bichinha!

Deixo de brinde o vídeo com a música do poeta Zininho que aprendi quando criança.


Meu

Esquerdo

Repare. Quando você está com alguma parte do corpo prejudicada, às vezes não acaba aumentando o estrago? Falo por mim, que desde a semana passada desconfio que fui sorteada pra levar "inteiramente de graça" um joanete novinho em folha, inchado e disposto a latejar sem a menor cerimônia. Só no pé esquerdo. O premiado. E foi esse "calinho de nada" que há pouco levou a pior. Era eu brigando com o suporte pra CPU, aqueles troços com rodinhas que servem pro gabinete não ficar no chão, na tentativa insana de descobrir como alargá-lo. Em vez de esticar o negócio pro lado, como deveria ser, fiquei achando que era de outro jeito. Fiz tudo errado, dei um puxão brusco e a quina do suporte veio com tudo onde? Direto no meu hallus valgus, joanete pros íntimos, muito prazer. Ai, que dor! Ai, caral...

Estou quase me convencendo de que devo usar cotoveleira, capacete, joelheira e qualquer outro tipo de aparato que me proteja do mundo ao meu redor. Não! Que me proteja de mim. É isso.

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

Os novos civilizados

- Você por aqui?
- Humm... Oiii... Estou esperando um amigo.
- Amigo? Alguém que eu conheço?
- O teu dentista.
- O meu dentista? Aquele de quem você vivia reclamando...
- É esse.
- Há quanto tampo tá rolando isso?
- Não se preocupe, foi depois que a gente se separou.
- Ah, menos mal. Um brinde a vocês!
- Espera aí, ainda não aconteceu nada, ele só extraiu meu siso.
- Ainda não, mas vai.
- Quem sabe? Mas me conta de você.
- Ando meio parado. Muito trabalho, como sempre.
- É mesmo? Não é o que eu tenho ouvido por aí.
- Como assim?
- Digamos que você tem uma vizinha que mora com uma amiga minha.
- A Ana?
- Exato.
- O que ela disse?
- Me diga você.
- Ela apareceu numa noite que eu estava deprimido e bêbado e... aconteceu. E nós não estamos namorando nem nada.
- Sei.
- Você se irrita com isso? Nós não somos mais casados.
- Ai, é mesmo... às vezes até esqueço.
- Tudo bem, de vez em quando acontece comigo também.
- Não tem nada a ver com o assunto, mas eu não joguei nossas fotos fora, fiquei com pena.. Quer alguma pra guardar?
- Não precisa, não. Já faz tanto tempo...
- Tem razão. Acho que vou querer uma cerveja também.
- Garçom!
- Até hoje a mãe pergunta de você. Coitada, ela ainda não se conformou com a nossa separação. E olha que já tem um ano que não estamos juntos...
- Ela ainda faz feijoada no sábado?
- A-hã.
- Saudades da dona Jurema... Apesar de ser minha sogra eu gostava muito dela. Ainda gosto.
- E os teus pais?
- Viajando, pra variar.
Silêncio repentino.
- Que coisa, não? Quem diria que a gente um dia ia sentar e conversar assim?
- O tempo passa e as pessoas mudam. Ainda bem! E falando em mudança, você está superbem. Mais magra, mais bonita... Tô gostando de ver.
- Brigada... Eu nem ia falar, mas você ficou pelo menos uns dez anos mais novo sem barba.
- Ah, é?
- Engraçado, você não parece o homem com quem eu vivi quatorze anos.
- Eu estava pensando a mesma coisa de você.
- Por que foi mesmo que a gente se separou?
- Sabe que eu não me lembro?
- Deve ter sido por alguma bobagem minha. Eu era implicante demais, te enchia o saco o dia inteiro.
- Eu é que era preguiçoso, machista e mandão. Como você me aguentou tanto tempo?
- Eu te amava.
- Eu também te amava.
- Nós fomos felizes.
- Fomos.
- Nunca vou me esquecer.
- Nem eu.
- Meu dentista está vindo. Aliás, seu dentista. Você nem tocou na cerveja.
- Não faz mal, fica pra próxima.
- Traz ele pra cá. Podemos beber juntos, nós três.
- Não dá, você sabe. Mesmo assim gostei de te ver.
- Eu também. Queria te ver de novo.
- Me liga...
- Eu ligo.

Não ria, não.
Algum dia essas calcinhas no varal podem ser suas, se você for mulher, ou de sua mulher, se você for homem...


Foto de varal da vizinhança, tirada em 17/3.


sábado, 20 de março de 2010

o namorado mais atencioso do mundo

Ele feliz: Trouxe uma coisa pra você.
Ela ansiosa: O que é?
Ele sorridente: Adivinha.
Ela antecipando: Sei lá. Uma joia?
Ele orgulhoso: Uma empada de camarão.
Ela decepcionada: De camarão? Sou alérgica!
Ele conformado: Então te dou a azeitona, pronto.

quinta-feira, 18 de março de 2010

www.boa.menina.com.br
Não pense que eu sou de pegar papel na rua. Hum-hum. Passo longe, quando insistem digo "brigada" e dou adeus com cara de paisagem. Distribuir folhetos, impressos, panfletos ou o que seja é um trabalho como outro qualquer. Entendo. Chato é quererem enfiar um pedaço de papel na sua mão - ou na sua cara - sem que você esteja minimamente disposto a aceitá-lo. Mas hoje eu peguei, peguei tuuudo que me ofereceram. E como eles viram que eu pegava de um, outros vieram afoitos me entregar também, eu fui rindo e juntando e depois de uns dez metros já estava levando pra casa uma mãozada de propaganda inútil. Propaganda esta que vai para a lata dos recicláveis ter um destino digno, porque feio é jogar papel no chão, ou amassar na frente de quem o entregou.

Enigma

O sol se põe
em meus seios
pérfido

Recito:

Envolve-me
Beija-me
Suga-me

Devora-me
Decifra-me
se és capaz.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Pasta Memória >

Mesmo com algum tempo de terapia, análise e doideiras do tipo, ainda digo que sou ansiosa, apressada a vida toda, impaciente e estressada. Tá feia a coisa, né? Por isso, foi providencial a senhorinha de cabeleira branca ter me pedido para ajudá-la a atravessar a rua. Na hora, o pensamento mais idiota do mundo: Ah, não. Mas como resistir aos seus argumentos? Ela queria atravessar a rua, não estava enxergando direito e tinha medo. Então lá vamos nós! Meu andar estilo trenzinho teve que se adaptar à maneira dela se locomover, mais lenta. E fomos, de braços dados. Quase no meio da faixa o sinal vermelho deu lugar ao verde. Os motoristas dos carros respeitaram, só um motoqueiro da peste avançou, tirando um fino assustador de nós duas. Fora isso, atravessamos bem, obrigada, e chegamos inteiras e faceiras ao outro lado da rua. Foi a primeira vez que a acelerada aqui fez uma boa ação desse tipo, sabe? E foi bom, para arquivar na memória como um momento feliz de um dia de março.

terça-feira, 16 de março de 2010

Surpresinha

Vou caminhando e cantando até o terminal, com sapatilhas de verniz zero quilômetro. Quando o ônibus para, vejo um corre-corre estranho. O-oh... Entram quatro de uma vez, todos da empresa de transporte coletivo, um com vassoura na mão, dois com galões. Pensei: É hoje que eu chego atrasada... outra vez. Todos de olho. Pela abundância de desinfentante e de álcool que jogam lá dentro, estou convencida de que Jabba The Hut passou mal e fez caquinha no chão. Só pode ser.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Pombinhos

- Cadê a camisinha, Paulão?
- Esqueci de comprar, Cidinha.
- Então sai pra lá.
- Não confia em mim?
- Nem em você nem nas outras antes de mim.
- Nós acabamos de noivar, Cidinha. Tá fazendo jogo duro só porque não gosto de usar camisinha... que boba.
- Acha pouco? É nossa única garantia por enquanto.
- É incômodo pra cacete.
- Nem vem, que o trabalho de colocar é todo meu.
- Disso eu gosto.
- Pois vai sossegando e guardando a alegria na cueca.
- Ei, ei, cê não tem uma na bolsa?
- Pode ser...
- Olha logo.
- Tá.
- E aí...? Nunca vi tanta tralha numa bolsa!
- Pera.
- Cê usa isso tudo aí?
- Ai, Paulão, não enche.
- Tô ansioso. Ó o meu estado.
- Tá aqui!!! Não é que eu tinha mesmo? Eu trouxe naquele dia que fomos no motel, lembra?
- Lembro, sim, eu lembro, eu juro que lembro. Vem cá, vem. Tira a calcinha, minha Cidinha gostosinha.
- Primeiro abre a camisinha, Paulão!

domingo, 14 de março de 2010

Meu momento Mastercard

Encontrar "Confesso que vivi", livro de memórias de Pablo Neruda que procuro há uns bons cinco anos, não tem preço.

Na página 51, uma pequena amostra do que me encantou no poeta:

"...SIM, SENHOR, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras... As inesperadas... As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho... Persigo algumas palavras... São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do meu prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então revolvo-as agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites em meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes na onda...".

Esse é único.

sábado, 13 de março de 2010

Surreal - não é bombom, é sonho, que não é de padaria

Estou subindo a Felipe Schmidt e um urso polar estilo cartoon me aguarda na esquina. Ele me segue e tenta me morder a bunda. Ai, não! Saio correndo, passo por um grupo de crianças e ele não se distrai com elas, continua a me perseguir. Quando acho que não vou dar conta de correr mais, entro numa loja e me escondo atrás do balcão. Ofegante. O urso que não é bobo entra também e se transforma num homem. Ele olha pra mim, eu olho pra ele. Será que vai conseguir morder minha bunda finalmente?

Nunca fiquei sabendo, porque acordei. Se alguém sabe como faço para voltar a ter esse sonho e assistir ao final da história, fique à vontade para me contar.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Fome de viver

Teus olhos

deitam nos meus

finjo

sou normal

e não paro

te arranho

me esqueço

te engulo

me faço parte de ti

quarta-feira, 10 de março de 2010

Carros, carros, carros, carros, carros

Oba! Com IPI reduzido, zero de entrada, trocentos anos pra pagar e "brindes" tentadores, só eu ainda não comprei um carro novo.

Ué, mas cadê estrada livre pra rodar?

Carro vai a 10 km por hora...

e para um pouquinho, descansa um pouquinho.

É espera, fila que não acaba, buzina... carro que é bom não sai do lugar.
A ex-síndica, a diarista e o pé de sapato

Num belo dia como outro qualquer, a ex-síndica, aquela flor murcha de mulher, vem bater à porta atrás de informações sobre a moça da faxina. Como não consegue muita coisa, vai atrás de um dos porteiros, fala horrores da outra na frente dos moradores que passam e finalmente recebe de bandeja o número do celular da moça.

A conversa entre as duas não é nada amistosa.

A mulher acusa a diarista de ter sumido com um pé da sandália da filha dela. Veja bem: não foi o par, foi apenas um pé. Um mísero pé de sapato que não serve para nada. (Parêntese: a moça, que não é perneta, seria muito tola de levar apenas um pé, não acha?)

Bom, vamos em frente.

A moça se defende, mas isso não aplaca a raiva da mulher, que a chama de ladra. Xiii... pronto. A confusão está armada. A moça diz que vai tomar providências e toma - corre para a delegacia mais próxima para registrar um boletim de ocorrência por difamação. Enquanto isso, o porteiro acha a sandália perdida no latão de lixo reciclado, tira uma foto com o celular (bendita tecnologia!) e avisa a moça. Na delegacia, quando a moça fala o nome da mulher, o policial de plantão diz que aquele nome já é conhecido ali – a mulher é acusada de forjar o sequestro da própria filha. E pode?

Boquiabertos todos ficaram. E aprenderam que não se deve acusar sem ter provas.

terça-feira, 9 de março de 2010

Indagação
da
idade
da
pedra

Pelos pululavam em homens e mulheres das cavernas. Mas hoje pelos servem pra quê? O que fazem nas pernas, no rosto, às vezes nas costas e nos dedos? Não somos evoluídos o suficiente para merecer menos pelos? Ou será que o tempo passou e continuamos os mesmos homens e mulheres das cavernas?

Obs. I: coisa mais bizarra pelo sem o acompanhamento de circunflexo, não? Culpa da reforma, eu não fiz nada.
Obs. II: ando com pelo na boca. Nããão. GASP! Ando falando muito em pelo e depilação. Obsessão? rsrs

segunda-feira, 8 de março de 2010

De pernas pro ar

Com tanta opção na vitrines, não vou dar 600, 700 reais por um par de tênis da Nike e virar garota propaganda sem fins lucrativos. Eu, hein!
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Um pouco de história


Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica para reivindicar melhores condições de trabalho - redução da jornada de 16 horas para dez horas, equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas.

Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram na fábrica. E apenas em 1975, por um decreto, a data foi oficializada pela ONU.

Objetivo da data

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional.

Fonte: Suapesquisa.com

domingo, 7 de março de 2010

Hehehe

Namorado disse que na TPM eu fico ferina. Sabe de uma coisa? É verdade... e também chorona (ainda mais do que sou nos dias normais) e com vontade de brigar. E dá-lhe suquinho de maracujá.

Vou espiar o Oscar.
Esquisitices

Joias chamativas, cabelos preparados para resistir às intempéries, alta-costura, maquiagem à prova do choro da vitória ou da decepção da derrota. Nada disso me chamou mais a atenção do que a testa das atrizes. Todas, sem exceção, deslizaram pelo tapete vermelho sem um franzidinho sequer na região. Pareciam ter a testa muito bem passada a ferro. Lisura total. Nem vou tocar no assunto sobrancelhas extra-arqueadas e bochechas infladas, fazendo conjunto com beiços enormes. Mulheres, mulheres, vocês não precisam disso. Ou pelo menos não nessa quantidade.
Cerimônia Light Diet Soft

Oscar sem frescura e sem Borat era tudo que eu queria. Sem discursos longos, sem apresentações musicais chatíssimas, sem perda de tempo. Foi o que prometeram, eu não inventei nadica. Mas quem não assina TV a cabo vai perder um pouco da cerimônia, porque a Globo bateu o pé e não deixa de mostrar o Fantástico e o BBB antes. Então tá. Vou ver o que der no TNT, mas preciso dormir cedo. Eu preciso dormir. E vou dormir cedo (repetindo bastante vou acabar me convencendo dessa ideia, entende?).
Que vença o melhor, seja lá o que "melhor" signifique para os que votaram. hehehe

sábado, 6 de março de 2010

Santo condicionador, Batman!

Pra quem não suporta a dor provocada pela cera, não tem dinheiro pro laser e ainda depende da boa e velha gilete na hora de se depilar, o condicionador de cabelo pode ter um uso a mais. Ele ajuda a lâmina a deslizar melhor, deixa o pelo maleável e a pele sedosa. E tem mais: esse mesmo condicionador também amacia/amansa barbas e pelos pubianos rebeldes e durões.

Fica a dica.
Isso na TPM vira um monstro

Cadê minha lista de blogs queridinhos que tanto amo visitar todo dia? Fui experimentar um template novo ontem, pedi só para visualizar e na volta essa área ficou esquisita. Pô, sacanagem. Vou ter que refazer tudo? Help, help! Quem achar a lista, favor enviar pro meu e-mail. S'il vous plaît, como diria o Google Tradutor.

Tô achando que vou latir, grunhir, gritar, berrar e nada vai acontecer...

Tá, mexo nisso amanhã de noite. Não! Hoje à noite... olha a hora.

Não me conformo do Blogger ter comido minha lista se não salvei o template, só pedi pra ver. Assim eu choro. E eu tô na TPM, mereço um tiquinho de compaixão.

...........

01h12 - arrumei a lista, quase toda. Morro de sono. Vou dormir "de cabeça pra baixo".
D i f e r e n t e

Dormir ao contrário na cama, com a cabeça onde você coloca os pés e os pés onde costuma colocar a cabeça - ou, como diria eu, de "cabeça pra baixo" - pode dar uma nova perspectiva à sua vida. Ou um tombo ao sair da cama.

Tô adorando!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Pulseirinha pra cá, pulseirinha pra lá

Anda na boca do povo aqui em Floripa a história das pulseiras do sexo, ou "shag bands", depois que o prefeito de Navegantes proibiu o uso do adereço safado nas escolas e acabou chamando mais atenção do que abafando o caso. Hoje entrevistaram uma senhorinha na rua, perguntando sobre o significado das cores das pulseiras.
Ela: "Vermelho é paixão; verde, esperança; azul é a cor do céu; branco, paz". Ahhh, que fofa!
Pesquei a real:

Fonte: Revista Época.

Quando eu era pequena brincava de bambolê, casinha, de pular elástico, de boneca, bolinha de gude e até de polícia e ladrão. Mas essa daí... olha... tô bege da cor da parede. Não tem pulseira bege, né? Ufa...
Terapia cognitivo-comportamental na cabeça

E eu, ia fugir de pegar ônibus de novo? Nãããão. Peguei o mesmo busenton, com o mesmo motorista, mesmo cobrador e mesmíssimos passageiros, como todo dia. Tava acanhada, mas fui pelo corredor - hoje seco - direto pro meu canto lá atrás. E me comportei. Esperei o ônibus parar pra começar a me movimentar. Desci, andei, sorri. Eu consegui! Não caí!!!!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Adivinha...

Num dia escrevo sobre minhas escorregadelas vida afora. No outro... Só pensei: Isso merece um post.

Saltos acrobáticos fora da competição

ou

Quem tá na chuva é pra se molhar

ou

Alline desequilibrada da Estrela
(a boneca que errou o pulo)

Foi assim:

Tava esperando o ônibus parar, já na porta, pronta pra abandonar o barco, digo, o ônibus. Segurava a sombrinha, daquelas superpoderosas e espaçosas, na mão direita. Não dava pra enxergar muita coisa lá fora, porque quando o toró cai as janelas se fecham. That's it, baby. O ônibus parou. Minha preocupação era sair e conseguir abrir a sombrinha antes que o motorista tocasse o carro. E era chuva! Daí foi tudo numa velocidade que não deu pra raciocinar sobre o que fiz - de errado - primeiro. Não sei se foi por eu ter usado a mão direita pra abrir a sombrinha e ao mesmo tempo querer me segurar, ou se foi a bota velha e com solado liso que deslizou na escadinha de metal encharcada. Eu só sei que me estabaquei como há tempos não fazia. Na chuva! Fui perdendo o equilíbrio, me entortando no ar e caí direto de joelho no asfalto. Ui... doeu, viu? E quem diz que eu tinha coragem de me levantar? Esperei o ônibus sair do lugar, mas o motorista ficou esperando pra ver se eu estava viva ainda. Será que tá todo mundo olhando pela janela? Ai, que vergonha! Tive que juntar o saco de batatas, euzinha, esticar o joelho e me mexer. Só assim pro ônibus seguir. A essas alturas eu já tava toda molhada mesmo, mas ainda levei uns chuás dos motoristas que passavam na Beira-Mar. Àquelas alturas eu ria. Ia fazer o quê? Olhei pra calça. Não rasgou! Só o joelho que doía, e doía e doía. Em casa tirei uma foto pra guardar de recordação. Mais um tombo pra coleção. Êêêêêêêêê!!!!!!

A prova do crime.


terça-feira, 2 de março de 2010

Você já...?
Eu já.

• Já pisei em cocô de cachorro e em chiclete e levei a sujeira pra dentro de casa.
• Torci o pé e caí de pernas abertas - de vestido! - numa das ruas mais movimentadas da cidade.
• Ao ler PUSH numa porta, puxei em vez de empurrar.
• Soltei pum na frente do namorado. Sem querer, tá?
• Esperei troco no caixa, mesmo tendo dado um valor menor que o fixado no produto.
• Comi rã achando que era frango e adorei.
• Bebi demais e adormeci sentada na privada. Sem mais detalhes, por favor.
• Incluí leite condensado no preparo de um molho de atum, porque senti que ia ficar muito salgado. O povo adorou!
• Torci o pé - de novo! - no caminho pra academia e fiz musculação e aeróbica em seguida.
• Saí de casa com o zíper do jeans aberto e só percebi porque as pessoas olharam.
• Estiquei o dedo para chamar o ônibus e ele não parou - era um caminhão!
• Não tranquei a porta do banheiro quando fui fazer xixi e fui surpreendida com a calça arreada.
• Beijei um moço (na adolescência) e o chamei por outro nome. Mortal!
Selinho

Ganhei da Carmem, uma querida que escreve no blog Uma palavra depois da outra.

As regras: exibir a imagem e publicar as regras, postar o link de quem me indicou, indicar 10 blogs pra ganhar o selo, avisar meus indicados, e dizer se uso produtos Natura, indicando-os.

1) Desabafo
2) Vida Cotidiana
3) Clube das Melhores Coisas
4) Colcha de Retalhos
5) Aqui... Entre! Nós.

Obs.: indiquei apenas cinco porque não sei se as outras pessoas curtiriam.

Se eu uso Natura? Já fui consultora e consumidora ávida, mas hoje vario bastante. Corpo: Nívea e St. Ives. Rosto: La Roche, Roc e Vichy. Maquiagem: Boticário e Maybelline. E por aí afora. OK, nos lábios uso Chronos específico para a área. ;)
Ai, curiosidade que me devora!

E você, acha que sua vida estará mais completa e saudável agora que a Coca-Cola, em sua versão Light Plus, vem temperada com vitamina B3, B6 e B12 + magnésio e zinco?

segunda-feira, 1 de março de 2010

cotidianidades

Mulher está na cozinha ocupada com o café da manhã. Marido grita lá de dentro:
- Amor, traz um café pra mim?
- Tô ocupada, vem tomar café logo.
- Não posso.
Silêncio.
- Tá, tô levando.
Mulher pensa que levar o café na cama uma vez não vai estragar o homem. Prepara às pressas uma bandeja com pão, queijo, leite e café, claro.
A cama está vázia. A porta do banheiro, aberta. A cena: marido sentado na privada, sem nenhuma roupa, com um cigarro no canto da boca e o jornal no colo.
- Valeu, Amor!
Mulher deixa bandeja na porta do banheiro e pensa que melhor seria ter feito a pós-gradução no Canadá e deixado essa história de casamento para trás. Ah, se eu escutasse o que mamãe dizia.