terça-feira, 31 de agosto de 2010

no stress

Num dia, comida salgada. No outro, apimentada. O que virá em seguida? Eu digo: comida congelada saindo quentinha do micro-ondas, pronta para servir e agradar todos os paladares.

sábado, 28 de agosto de 2010

alquimia

Querendo ou não, gostando ou não, um dia você vai ter que enfrentar o fogão cara a cara. E eu digo sem a mínima vergonha que realmente não nasci pra inventar quitutes delicinhas, mas querendo ou não... lá fui eu me meter onde não fui chamada. Ops, fui, sim! O prato do dia? Carne ensopada. Quer coisa mais básica que essa? Chorei pela cebola picada, joguei a carne na panela e fui acrescentando o que tinha de tempero em casa, inclusive uma mistura pronta que eu nunca usei na vida. O gosto? De nada no começo. Como pode? Coloquei mais de tudo - do tal preparado de potinho, de pimenta, de cominho, de cebola... dei um tempo, fui provar e... tchan, tchan... voilà... molho salgado até a última gota. Assim não dá! Botei umas batatas que estavam cozinhando pro purê, não adiantou. Botei mais água, mais e mais. Ficou uma sopa... salgada. Como último recurso dos desesperados de plantão, namorado foi pedir auxílio pro Google. Duas receitas consideradas infalíveis: vinagre e açúcar na mesma proporção, ou umas gotinhas de limão. Pensa que medi, ou escolhi uma delas? Joguei tudo de uma vez. E seja o que Deus quiser! Primeiro ficou uma coisa com cheiro de vinagre puro, bizarro. Ai, ai, ai. Ainda bem que passou rapidão e ficou mais suave, mais... docinho. Docinho? É... quase isso. Mas aí deu pra engolir. Depois de tanto trabalho, e bota isso, e mexe, e coloca mais aquilo, namorado e eu comemos sem reclamar. Essa alquimia toda até que deu certo. Agora nada de usar mais o tempero pronto, hein?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

nove

EU NÃO, E VOCÊ?

A grana deu para chegar até a esquina. Agradeci em pensamento pelo taxista não ter ficado puxando assunto. Preferia estar quieta a falar com um estranho que provavelmente nunca mais veria pela frente. E também não era isso que me incomodava. Eu estava toda esfolada e cheia de sentimentos confusos. Um tanto decepcionada por não ter encontrado Lúcio. E pelo sexo com Gabriel, apenas razoável. Bonzinho, vai...

Minha única intenção era entrar em casa e me enfiar na cama e dormir até o almoço sem ouvir os sermões de Karen. O que não esperava era me deparar com a própria, adormecida no sofá na frente da TV ligada. Só me faltava... Acordou quando deixei cair uma sandália.

- Você chegou agora?

Ela olhou para o vestido de um jeito... Eu não tive nada a ver com isso, foi o Gabi.

- Cheguei.

- Se divertiu?

Ironia. Sutil, mas estava lá. Típico de Karen.

- Fui jantar com Gabriel.

- Você não disse que ia sair com o... o Lúcio?

- Não deu, isso foi coisa de última hora... – gaguejei.

- Por que você não atendeu minhas ligações? Eu ia convidar você para jantar comigo e com a Susi.

- Não vi. Tava no silencioso.

Outro olhar para o vestido.

- Deixa o vestido em cima da máquina. Amanhã eu conserto.

- OK.

Dormi o dia todo, esquecida de Lúcio e Gabriel. À noite fui atrás de Karen, ela estava distante:

- Tem um cigarro aí? O meu acabou à tarde e esqueci de comprar.

- Também estou sem.

Completamente seca.

- Você tá chateada?

Ela disfarçou:

- Cansada.

Achei que era por minha causa. Porque saí com Gabriel... Ciúmes? Ou só preocupação, como ela afirmou? Despenquei no colo dela para não deixar dúvidas de que estava ali. Karen acariciou meus cabelos em silêncio, enrolando pequenos cachos nos dedos.

- Vocês transaram?

Fiz que sim com a cabeça.

- Foi do jeito que você imaginava?

- Mmm... foi legal, mas acho que saí com ele pra tapar buraco – me agarrei às suas coxas.

Karen sorriu e voltou a fazer cachos nos meus cabelos. Ficou muito tempo com uma mecha entre os dedos. Enrolou, desenrolou.... Como se estivesse criando um clima para me dizer alguma coisa. E soltou:

- Você nunca beijou uma mulher?

- Você. Você me ensinou a beijar, lembra?

- Isso não conta, eu falo beijo de verdade.

- Então não. Você tá me cantando?

- Claro que não, sua tonta. Eu não preciso disso.

Às vezes tomávamos banho juntas e não vou mentir, eu gostava. Também dividíamos a cama de solteiro quando ela ia me visitar nas férias. De madrugada ela me abraçava de um jeito que me fazia pensar que era apaixonada por mim e não por Chico, como ela dizia. Mas não passamos disso e nunca houve razão para discutir o assunto.

- Mas você quer me beijar, né? – me fiz de boba.

- ...

- É estranho porque eu beijei Gabriel há algumas horas e você é irmã dele, e minha prima, e ele é meu primo... Que confusão!

- Para.

- Você bebeu?

- ...

- Karen!

- Bebi... Só uma taça de vinho.

Nossos lábios se tocaram com suavidade, se experimentaram, logo se afastaram. Houve uma troca de olhares, um sorriso trêmulo meu e mais nenhuma palavra. Era um beijo... interessante. De novo um roçar, Karen me mordiscou o lábio inferior, eu passei minha língua na dela, senti o gosto do enxaguatório bucal que não mascarava totalmente o álcool, nos beijamos sem parar.

O sofá era o lugar predileto de Karen. Ficamos ali sob a luz do abajur e não se falou mais de Gabriel. Enquanto eu me ocupava em descobrir seus seios, que eram iguais aos meus, só maiores, ela explorava meu corpo inteiro sem pudores, muito à vontade. Era gostoso, eu estava feliz. Gozava sem ter gozado ainda, por todos os poros. Karen não tinha um pênis, mas soube ser gentil me afagando ternamente no meio das pernas. Pela primeira vez. Inesquecível. Dava beijos rápidos, depois passava a língua, às vezes delicada, às vezes voraz, me chupava longamente. Até que que me fez sentir uma palpitação bem no meio de mim. Tremi, ela vibrou e eu explodi em contrações sem fim.

Dormimos juntas nessa e em muitas outras noites, nuas e livres. Ela continuava a ser minha melhor amiga e a prima querida que me dava abrigo, conselhos, broncas, carinho... E agora um pouco mais.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

se enganou, meu bem

O instrutor da academia perguntou se eu fazia balé. Balé, eu? Ué, por quê? Ele explicou que minha postura é diferente, bem ereta. Ah, é isso? Não, eu nunca fiz balé. Se vivo assim, toda na pose, é por um motivo bem simples e não tão dançante/musical/artístico - é pra fugir dos problemas na coluna. ;)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

tinha tudo pra ser um bom banho

Um dia de calor, o primeiro dia de calor depois de muitos dias de bate-queixo. Pois esse dia deixou como lembrança aquele suorzinho que pede um banho assim que se coloca os pés dentro de casa. Ai, eu fui, sabe? Totalmente seduzida pela ideia do corpo cheiroso. E pensei que seria bom adiantar a depilação joelho abaixo, pois amanhã é dia de academia. Fiz assim: abri a torneira, comecei a me ensaboar toda feliz, mais e mais. Lava aqui, lava ali, tal, tal, como todo mundo faz, ou deveria fazer. Só aí me preparei pro ritual raspa-pelos e peguei o aparelho. E dobrei a perna direita, apoiando-a na parede. Perna um, digo, perna direita OK. Vamos trocar, por favor. Troquei. Mas, com piso tão ensaboado, como poderia eu me equilibrar? Oooops! E lá foi Alline ao chão, de lado. Que bonito, hein? Não satisfeita com o tombaço inicial, ao tentar erguer meu corpo cansado de guerra escorreguei e fui de novo patinar no box, dessa vez de joelho. Ferrou!!! Quis rir, mas chorei. Gemi, mas levantei. Minha mãe veio na porta perguntar se estava tudo bem, deve ter ouvido os sons da sala, com meus irmãos. Eu disse que sim - de que adiantava reclamar? A depilação ficou meio torta, e o banho terminou com joelho e quadril direito roxos e doloridos. E eu posso comigo?

Assim sendo, de agora em diante nada mais de malabarismos na hora da depilação, OK? E prometo comprar um tapete de borracha. E joelheira... e quem sabe um capacete...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Vizinha é para essas coisas

Marina morava com a tia desde os nove anos na casa de varanda espaçosa e roseiras cercadas de mato que costumava visitar uma vez por ano. O bairro era dos mais tranquilos, para não dizer entediantes, e ela aparentemente convivia bem com as manias de mulher sozinha de Zuleica. Os pais haviam deixado a menina sob os cuidados dela, prometendo que viriam buscá-la quando voltassem de viagem. Passados dez anos ela já não corria para a rua ao ouvir o som diferente de um carro. Não tinha mais esperança.

Aos poucos, não sem alguns tropeços, foi aprendendo a driblar o olhar perscrutador de tia Zuleica, que a seguia por todos os cantos da casa. Tinha a desculpa de inventar sempre uma prova para o dia seguinte e se fechar no quarto dos fundos. A escrivaninha servia para obstruir a passagem e os cadernos empilhados tornavam a mentira mais real.

Gostava de se examinar no que sobrara do espelho atrás da porta. Os vestidos que a tia mandava fazer na costureira do fim da rua iam para o chão, amontoados, esquecidos. Encarava o corpo franzino e imaginava que nunca seria mais bonito ou vistoso. Nenhum menino olhava para ele, a não ser o filho da costureira, que já nem era mais um menino. E ele olhava de um jeito que a fazia sentir aquecida por dentro.

Mas o fato é que tia Zuleica estava envelhecendo, o portão continuava a ranger e as pessoas tentavam espiar do muro o que acontecia na casa azul, o que causava profunda irritação em tia Zuleica. Ela capengava pela casa até cansar e gritava por Marina, que vinha correndo do quarto, ajeitando a saia com uma das mãos e com a outra segurava o cálice de licor de anis para a tia. Fechava rapidamente as cortinas para que a velha não notasse seu rubor.

Naquele dia, enquanto Marina esfregava o chão da cozinha, tia Zuleica tratou de se acomodar no sofá da sala para tomar a canja rala, quase sem sal, babando um pouco na camisola e foi para a cama resmungando da falta de gosto na comida e na vida. Assim Marina aproveitou o tempo para dançar na frente do espelho sem música, sem fazer barulho, encarando sua imagem pouco nítida. Pensando, sorrindo.

A vizinhança estranhamente se deliciou quando uma viatura estacionou na frente da casa e dois policiais levaram Marina embora pelos braços na manhã seguinte. Algemada. O portão rangeu só mais aquela vez. Depois foi só o falatório no portão das casas.

Ninguém soube direito que fim levou Zuleica. Só Lucimar, vizinha de muitos anos, sabia o segredo. Por acaso, vira Marina arrastando um baú enorme em direção ao terreno baldio, bem do lado da casa do seu Maneca na noite anterior. Ela passara a noite cavando, o que sem dúvida era muito estranho. Não tinha nada a ver com a vida das duas ou com a perversidade de Marina, mas ainda assim resolveu fazer uma denúncia anônima à polícia. Queria Marina longe dali, afinal não gostava do jeito que a outra olhava para seu filho.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

oito

NADA SÉRIO


Voltei com peso a menos na bagagem – João ficou para trás com a maior parte da coleção de sandálias e o orgulho ferido. No início foi bom observar tudo de cima do salto e depois me encaixar em João e gozar. Mas passou. Nova York, as baladas, o sexo sem limites. A vida continua. Quando dei por mim estava ligando para Lúcio. Alguém atendeu – a mãe? – e avisou que ele havia saído com a namorada. Ahhhh... Vejamos então... Gabriel? É... Gabo. Ele não acreditou:

- Você largou o mané?

- Mais ou menos.

Não expliquei muito mais. Vamos sair? Você já comeu? Não? Então vamos jantar na cantina aqui perto. Às nove, pode ser? Te vejo lá. Desliguei antes que ele estendesse o assunto e fiquei ouvindo música até passar um pouco da hora. Estava roendo as unhas de novo, ansiosa... porque esse não era exatamente o encontro que eu imaginava, não era com Lúcio, mas tinha que dar certo.

A cantina minúscula e mal-iluminada era perfeita para um jantar a dois, só faltava Gabriel. O desgraçado não estava ali! Por que, por quê? O garçom, me vendo plantada no meio do salão, veio às pressas. Avisei que meu amigo chegaria em seguida.

A conversa de sempre:

- A senhorita gostaria de beber alguma coisa?

Gabriel chegou depois de eu ter pedido a segunda taça
do vinho da casa, “o mais em conta”. O carro não pegou, ele teve que chamar o mecânico, o cara demorou, acabou a bateria do celular, etc. Podia ter dado um jeito de avisar, não é? Esfriei. Dois beijos, no rosto. Eu queria distância, não conseguia conter a raiva por ter ficado ali sozinha, mas senti a pele dele quente, avermelhada, quando encostou na minha. Talvez tivesse tido mesmo um contratempo...

Só relaxei – e muito – na terceira taça e Gabriel se aproveitou do meu estado para espiar o que havia sob o decote. A pele úmida pela expectativa. Incrível que com toda a pegação ainda não havíamos transado, não até o fim.

- Vamos sair daqui, Nina...

- Ainda não, apressadinho. Vamos comer primeiro.

- Então a gente come e depois come de novo.

- Como você é grosso! – ri.

- Você não gosta assim?

- Não sei.

Não sabia mesmo. Inventei pequenos detalhes da viagem, detalhes picantes, esperando que ele se mostrasse curioso e perguntasse mais. O que eu tinha para contar não era totalmente invenção nem exatamente verdade, só quis enciumá-lo. Gabriel nem se alterou, merda! Muito pelo contrário. Veio com uma conversa de que estaria embarcando para uma temporada em Milão e queria ficar comigo antes de viajar. Um alarme interno tocou. Ficar comigo antes de viajar? No susto acabei derrubando a taça, um estrago e tanto sobre a toalha branca que cheirava a sabão em pó. Gabriel não me censurou, ficou procurando alguma coisa para enxugar a toalha empapada de vinho. Lógico, eu estava meio alta, e nessas condições acabo fazendo coisas idiotas como pegar uma das pontas do vestido na tentativa de evitar que a mancha se espalhasse. Um vestido que Karen custou a me emprestar! Besteira feita, lá estava eu quase mostrando o que não usava por baixo e não havia mais surpresa. Aliás, surpresa que era para Lúcio...

- Você esqueceu a calcinha... – ele riu.

- Não é nada disso – me irritei.

- Mas eu gostei. É menos uma coisa pra eu tirar.

Cara, onde eu fui me meter? Nos beijamos à luz de velas sem nenhum romantismo. Ele me atiçava deliberadamente por baixo da mesa, os dedos longos me apertando a virilha, me encorajando a corresponder ali mesmo. O maître, coitado, estava pronto para vir até a mesa restaurar a ordem, porém notou a situação e disfarçou, obviamente constrangido com nossa falta de vergonha.

Saímos com pressa, esquecidos do vinho derramado e da gorjeta. Eu me apoiava em Gabriel, a fim de que ele me levasse e fizesse o que tinha vontade, tanta vontade quanto eu. Será que ele iria me dar prazer? Sugeri o motel mais próximo, vamos logo com isso! Se fosse limpo e discreto estava ótimo. Nada feito, Gabriel teimou em me levar para a cama dele, na casa dos pais... Tia Zélia e tio Inácio! Isso vai dar merda!

Degraus altos não foram feitos para pessoas embriagadas. Subi na ponta dos pés, quase caí algumas vezes, ia começar a rir, Gabriel me tapou a boca para eu não acordar os velhos. Fomos até o fim do corredor. Gabriel olhos de gato, bonito além da conta e meu primo, me levava para uma trepada ao lado do quarto de papai e mamãe. Vale a máxima de que ninguém é perfeito, mesmo tendo um pau majestoso dentro da cueca.

A chave girou na fechadura e nos trancamos, deixando as palavras do lado de fora. Isso foi um alento, pois não tínhamos muito que debater. Gabriel tentou tirar a roupa, a minha e a dele ao mesmo tempo. Como era de se esperar, esgarçou a costura do vestido tentando arrancá-lo de meu corpo sem abrir direito o zíper. O vestido de Karen! Ela jamais me emprestaria outro depois que visse o que Gabriel tinha feito. Nem vou pensar nisso agora. Acabei de tirá-lo sozinha e o atirei na cadeira. Maldito zíper!

Nus. Quanto tempo esperamos por isso? Transamos várias vezes, de lado, eu por cima, depois ele, na beira da cama, de pé, com os peitos pulando furiosamente... Sem vontade de parar, pedi a saliva dele para me lubrificar na segunda vez, gozei na terceira, depois não tinha mais noção se havia conseguido manter a boca fechada todo o tempo para não acordar os tios. Só quando chupava o pau dele... Olhei o relógio do celular. Quatro horas e três ligações não atendidas de Karen! Apesar da tentação de dormir aninhada no peito depilado de Gabriel, mesmo sem ter sido convidada, me vesti e saí corredor afora, dessa vez sem me preocupar em não fazer barulho.

Ele me fez um último grande favor antes de me dar as costas e cair na cama: chamou um táxi.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

upgrade?

Se o papel higiênico da empresa em que você trabalha passou de arranha-bunda para folha dupla, é sinal de que:

a) uma boa alma lembrou que até nessas horas o colaborador da empresa necessita de um mínimo de conforto.
b) as coisas estão evoluindo e você pode esperar um décimo quarto salário no fim do ano.
c) a pessoa responsável pela compra se enganou e mês que vem volta tudo ao que era antes.
d) alguém está querendo te sacanear. É uma pegadinha! Onde está a câmera?
e) n.d.a.

domingo, 15 de agosto de 2010

HQCON - eu fui

Namorado convidou, eu aceitei. De moletom roxo e unha laranja, cheguei timidazinha que só eu, pois não tinha fantasia e estava entre adolescentes na maioria, tribo da qual não faço parte há uns bons anos.

Na fila, confundi o moço fatantasiado de Luigi, o irmão do Super Mario Bros, com um funcionário da companhia de limpeza da cidade. Ops! Ah, o uniforme tinha a mesma cor, pô! hehehe

Esperamos todos mais de uma hora e meia do lado de fora do Floripa Music Hall, ainda bem que no sol gostoso de sábado de manhã. Evento atrasado é foda bem chato, né?

Lá dentro os stands estavam mal distribuídos, as palestras cansaram minha beleza e comer ou beber era considerado um ato de insanidade (pizzas baby brotinho jr. a quatro reais e água com mesmo preço me obrigaram a catar balas na bolsa). Ai, ai.

Sim, e teve diversão? Teve! Foi no desfile de cosplays (algumas fotos abaixo, as mais ajeitadas). Uns doze corajosos se vestiram de personagens conhecidos - não conhecidos meus, perdão -, subiram ao palco
e fizeram a festa da plateia. E a apresentadora finalizou singelamente: "Obrigado pelo tempo desprendido".

Eu gostaria de ter usado uma tiara com orelhinhas de gato, mas não me atrevi. E não assisti à fala do gente finíssima do Eddy Barrows, a última do evento, porque estava exausta, morta de fome e atordoada pelo barulho. Fica pra próxima. Isto é, se tiver. Ah, tomara que tenha, que seja mais organizada e com pessoas divertidas como nessa. Eu estarei lá. =D


Preparada para entrar

Tentando fotografar o Luigi sem ser notada

Exposição do Lelê

Malucos adoráveis

Lá atrás, assistindo às palestras

Desfile de cosplays - não me pergunte quem era esse

Desfile de cosplays - de novo não me pergunte quem era essa

Nem essa

Eddy Barrows, atual desenhista do Superman, autografando revista pra gente - eu e namorado

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

sete

SALTO EM NY


Vamos dar um tempo, João, eu disse. Firme, decidida a tornar esse tempo uma eternidade. Para nunca mais, meu amorrr. Era meu jeito de ir embora, porque estava angustiada com os saltos, meus pés ansiavam o chão para correr livremente, correr para Lúcio ou qualquer outro. Porque eu não tinha espaço. Continuava me excitando quando ele me arrancava a calcinha com os dentes e espalmava a mão na bunda antes de me penetrar, mas o que acontecia fora do quarto não acrescentava mais nada.

João não deu a mínima para o que falei. É sério, cacete! Ele já imaginava a reação, e como resposta quase me esfregou no nariz duas passagens para Nova York, era só fazer as malas e pedir uns dias de folga no bar. Uma semana inteira. João é um grande filho da puta que sente quando as coisas não estão boas pro seu lado. Eu quis pensar com frieza, como se isso fosse razoável depois daquele convite. Era um sonho, sim, mas havia algo mais – Lúcio sabia mais ou menos da história e cobrava o rompimento.

“Dá um pé nesse cara logo!”, ele dizia. Tô tentando, tô tentando... E não via a hora de me livrar de João, meu quase dono e senhor. Mas não seria tão fácil: fiquei olhando os bilhetes sobre a cama com olhos fixos e encantados. Eu guardava um cartão-postal de mamãe de quando ela esteve em turnê por lá, uma das poucas lembranças. João continuou com os beijos, não me envolvi, não consegui. E se eu fosse? Ele acharia com razão que tinha me dobrado e usaria essa artimanha sempre. Nos primeiros sinais de tédio, um presente sob medida, capaz de me virar a cabeça e evitar discussões. E qual o problema? Eu fingiria ter me rendido e ele poderia ficar à vontade para achar o que quisesse.

João teria meu corpo nessa noite, mas eu precisava fazer alguns acertos, já que seriam muitos dias sem ir à aula e trabalhar. Oh meu Deus, que tentação! Enquanto ele me lambia o dedão eu tentava lembrar onde guardara o passaporte. Ainda era válido? Não tinha certeza... fazia tanto tempo que não viajava... Sempre adorei viajar! Ele não reparou no silêncio e foi em frente, me chamou de “putinha” e montou em mim e me pegou pelos cabelos. João podia fazer o que lhe desse na telha, eu não estava ali, sério. Pensava em tudo que conseguiria ver nesses dias, quem sabe um show, ou teatro... E quando ele me penetrou vi que não teria escapatória. Eu me rendo, eu quero, eu vou nessa viagem e ninguém vai me impedir!

Além dessa, tomei outra decisão: ligar logo para Karen e ouvir mais um sermão daqueles. Como você vai viajar? E o cursinho? Não foi pra isso que você veio pra cá? Tudo bem, eu aguentava desde que ela me emprestasse uma mala decente, podia ser aquela vermelha gigante... A pressão por dentro, as estocadas... Também tinha que ligar para Gabriel e pedir dicas de restaurantes.... Nova York!!!

Apertei João dentro de mim, a parte dele que pulsava e ainda me fazia feliz, e gritei que sim, sim, eu queria ir. Me senti uma interesseira, safada, sem-vergonha, cínica e filha da puta, mas foram só dois segundos de culpa e nada mais. Depois a animação foi tanta que eu afundei os malditos saltos no peito dele. Quer saber? Ele adorou!

Logo de manhã retoquei o esmalte vermelho nos pés e separei toda feliz as sandálias preferidas de João. Elas me davam vertigens, mas uma desfilada pelo quarto era suficiente para que João me puxar para a cama. Ora, do que estava reclamando, afinal? Pensando bem nem era um preço tão alto assim.



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

sei lá

pensamento
e é abismo
um barco que cruza
a baía de
meus olhos
e não é ilusão
ainda cores,
ondas,
cacos cristalinos
de mim
ao vento.

apaixonadamente,
felizmente
louca?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

você é o que você veste?

Se você anda com um réptil verde estampado do lado esquerdo do peito é visto com bons olhos, as vendedoras te disputam a tapa, achando que sua carteira está recheada não de carnês e papéis, mas de dinheiro e cartões de crédito, e que sua vida é gastar, gastar e gastar sem fazer contas no fim do mês.

Agora se você não tem um réptil na roupa para chamar de seu, não se deprima, não se reprima. Você não vai morrer por isso, ninguém nunca morreu, mas se fizer questão, questão mesmo, não será nada trabalhoso achar um jacarezinho amigo nos camelôs da vida, assim como aqueles trajes com as três famosas listras e itens afins.

Mas pensando bem, para que isso tudo? Você não vai ficar melhor, mais rico, mais bonito, mais chique, mais feliz. Por dentro será o mesmo de sempre. Então relaxe e vista o que quiser, seja o que quiser, faça o que quiser.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

superansiosa, eu?

Estava eu de pé no ônibus, vindo pra casa. Cheia de fome, de frio, de vontade de sossegar. Exatamente num ponto antes do meu, o ônibus parou. Ué, que foi isso? Todo mundo ficou esticando o pescoço pra ver o que era, inclusive eu, a curiosa-mor. Opa, tem acidente mais à frente. E ficamos trancados entre carros que haviam invadido a faixa dos coletivos. E falou em inércia já começo a ter coceira no corpo todo. Ai que vontade de sair correndo! Pedi pro cobrador avisar pro caro motorista abrir a porta, pelamorde. Que eu tô sufocando, moço - pensei, mas não ousei. Foram dois longos minutos até eu ganhar liberdade na Beira-Mar. Corri pro outro lado da pista e fui andando o mais rápido que pude. Andando e fungando e olhando pro lado, pra ver se o ônibus passava. Eu ainda estava longe de casa quando ele passou. Não vi se alguém apontou pro meu nariz e riu, de que adiantava me punir? Melhor pensar que a caminhada até em casa iria ajudar a queimar o bolo de chocolate que estava por vir.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

soluções não muito espertas para mais um dia gelado

O cúmulo do ridículo fui eu hoje. E tava frio, e que frio, frio, friooo! Desses que gelam os pés, as mãos, a alma, e todo o resto, inclusive o cérebro. E minhas estimadas blusinhas que fazem papel de segunda pele todas pra lavar. Hum, se eu pudesse pegar umazinha de volta... eca, não seja porquinha! Se não tem jeito, mexa-se pra fazer melhor!

Eu tentei.

Peguei uma meia-calça fio 40 e comecei a operação: recortei, no meio das pernas, um círculo pra passar a cabeça. Oba, parece que vai dar! Faceirinha da silva, fui vestindo e... não, como meus dedos vão entrar? Mais tesoura, mais tesoura. E cortei os pés, pra passar as mãos. Será que dá pra entender? Não sei, mas sei que fiz.

Tudo pronto, fui vesti minha criação desesperada de frio. A cabeça foi, serviu no braço, só que... só que não tapou nem o umbigo, ficou curta...

Joguei de lado. Ah, sim, vai pro lixo. De que me serve uma meia-calça esburacada desse jeito? Jeito mesmo foi colocar uma blusa de verdade por baixo das camadas extras de roupa. Venha, frio, que eu não te temo mais!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

seis

LÁ ATRÁS


Saí sem esperar o carro parar direito. João disse alguma coisa que não ouvi direito nem fiz questão. Me deixa, vai... Apaguei o cigarro antes que alguém viesse me incomodar e fui procurar a sala. Era meu primeiro dia de cursinho depois de uma madrugada intensa. João e suas fantasias, uns goles a mais e tantas posições, tanto desejo... Ele me fotografou tirando a roupa e eu achei o máximo. Ele sabia o que fazia, eu é que não.

Onde é essa sala? Quando abri a porta todos me olharam ao mesmo tempo, incluindo o professor. De química, não? Contei por cima umas quarenta cabeças... ainda poderia dar meia volta, pelos meus cálculos já havia perdido duas aulas... Uma mão se ergueu e apontou um lugar vazio lá no fundo. Brigada! A mão era de Lúcio, o com cara de sono e olheiras como eu. Identificação imediata.

Queria me acomodar logo e esperar o tempo passar para ir embora dormir, mas tive que sentar com meu novo colega e me fingir de interessada folheando as páginas da apostila - dele. Empresta a caneta? Enquanto o professor resolvia os exercícios, ele desenhava e eu me distraía rabiscando no caderno. Conversamos baixinho sem olhar um para o outro.

Na segunda aula descobri que me roçar em sua perna, em seu braço sem poder tocá-lo em outras partes era muito excitante. Ele não notava. Não? Meu cabelo caía sobre a camiseta branca dele, eu mordia a tampa da caneta para não descontar a ansiedade nas unhas. E ainda havia o professor de inglês me olhando diferente desde o começo da aula. Comentei com Lúcio, ele inventou que era porque eu não usava sutiã, estava provocando o pobre homem. Rimos. Eu não usava mesmo, e meu coleguinha havia percebido!

A sala era quase só minha e de Lúcio no intervalo – um rapaz de boné estudava mais à frente, e perto dele a menina de cabelos vermelhos escrevia sem parar. Ambos tão concentrados que não se importariam se...

- Me beija, vai...

Lúcio se debruçou sobre a carteira, me debrucei também, encostamos um no outro, primeiro o rosto, depois os lábios. Não foi um beijo, foi um toque mais demorado. Ficamos imóveis, olhos nos olhos, querendo um sinal para prosseguir. Tinha que ser eu... abri a boca bem de leve, para ele me penetrar com a língua. Lúcio se encaixou e me explorou com suavidade, e eu adorei esse jeito diferente dele de chegar e ficar, sem pressa de sair.
É verdade que eu tinha vontade de me aventurar mais, afinal estávamos praticamente a sós. Se não fossem aqueles dois... Fiquei agitada com a perspectiva de ser observada e abandonei as carícias por cima da roupa para abrir o zíper da calça dele. Assim mesmo... no mais completo silêncio. Ele segurou o gemido mordendo o lábio, a menina olhou para trás e deu uma tossida discreta. Será que ela percebeu alguma coisa? Claro que me viu com a mãe enfiada na calça dele!

Recolhi a mão umedecida pela excitação dele quando o sinal tocou.

Não sosseguei mais. Cochichava coisas que tinha vontade de fazer no ouvido dele, ria, delirava ao ver que ele ainda tinha um resquício de ereção por minha causa. A professora de português não aprovou meu comportamento e pediu nada gentilmente que saíssemos, mesmo faltando poucos minutos para acabar a aula. Eu não achei ruim, não. Lúcio ficou na dúvida, me olhou. Queria ir, mas não queria. Puxei-o pela mão. Anda!

Lúcio sugeriu sua casa. De moto, chegaríamos em dez minutos. Perfeito! Não discuti, coloquei o capacete para ir o mais rápido possível, e teria aproveitado ao máximo o horário de almoço se não fosse a buzina tocando a poucos metros. Aiii, João, agora não!!!

Sem coragem para contar a verdade a Lúcio, menti que João era meu tio e fui embora emburrada, nem quis almoçar. Como se tio João tivesse me tirado o pirulito da boca.




quarta-feira, 4 de agosto de 2010

instantâneo

O casal chegou ao motel a pé, de mãos dadas. Rudinei disse a Franciele que o carro estava no conserto e ela disse que tudo bem, porque era perto.

Eles se conheceram no forró, dançaram quatro músicas seguidas, Franciele sentiu que era com ele e não contou até três quando Rudinei a beijou no pescoço. Vamos, vamos. Mas diante da cama redonda ela se intimidou. Pediu para apagar a luz, assim ficaria mais à vontade. Rudinei concordou e ligou o som ambiente para criar um clima. Na quase escuridão Franciele tirou timidamente a calcinha e o sutiã com enchimento e foi. Embaixo dos lençóis, Rudinei tirou a bola de meia da cueca e foi. Se encontraram no caminho, os dois, e se conheceram com as mãos, e gostaram do que encontraram.

Saíram uma hora depois de cabelo molhado do banho. Franciele pegou um sabonetinho para guardar de recordação. Rudinei se preocupou com a hora. O que diria à esposa?

A despedida foi no ponto, quando o ônibus dela aparecia no começo da rua. Franciele levou na bolsa o telefone dele anotado num papelzinho e no peito, o coração disparado. Rudinei acendeu um cigarro e pensou que as mulheres estavam muito fáceis hoje em dia, mas que talvez pudesse dar uma chance a Fran... Francineide? Francisca? Como era o nome dela mesmo???

terça-feira, 3 de agosto de 2010

hein?

Camisinha com sabor? Pra quê? Pra dar vontade de morder? De comer? De engolir? Aiii, nããoooo!!!!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

delicinha

Não importa se a pizza de chocolate branco era na verdade pizza de mingau de maisena com cobertura de granulado branco e morangos gelados. Importante foi rir até o maxilar doer cercada de amigos - dos bons.

Matar as saudades de gente querida é preciso. Sempre.


domingo, 1 de agosto de 2010

provincianismo no último grau

O cabeleireiro que está cortando meus cabelos sugere à recepcionista que arrisque um chanel curto como o da linda atriz/modelo/cantora com cara de francesa da novela da 8 que começa pontualmente às 9. A moçoila torce o nariz atrás do balcão e joga esta:

- Ai, eu só vou cortar assim quando tiver cinquenta anos.


E eu pensei, mas não falei:
E você não precisa cortar o cabelo pra ficar com cara de velha. Aos vinte e poucos já está a própria.

Ué, quer dizer que mulher jovem tem que ter cabelo comprido e as mais velhas são obrigadas a tosar? Ai, que falta de criatividade, de liberdade e de tudo que é bom.


a vida segue, flui, e eu vou com ela

Só dei aquela aparadinha básica. Resultado: mezzo Rihanna, mezzo Justin Bieber.
hehehe