terça-feira, 23 de setembro de 2008

cotonetólatra

Cuidado comigo, sou viciada em cotonetes! Quem mandou minha mãe dizer que me levou ao médico porque eu tinha excesso de cera no ouvido? Eu era pequena, mas a mensagem ficou - as suas orelhinhas são um tanto... digamos... sujinhas... Traumatizei. E depois só piorou. Eram três hastes por dia, religiosamente, e não havia quem me fizesse mudar de idéia. Eu TINHA de colocar aquele tufo de algodão dentro da orelha e limpar, limpar até sentir que os canais estavam livres. Tão desobstruídos & limpinhos que começaram a doer e tive que baixar a guarda e correr desesperada para o otorrino. Esse povo não é amigo dos cotonetes, percebi logo. Após breve análise das cavidades orelhais, o doutor sugeriu que eu largasse mão desse "mau hábito" e me contentasse com a pontinha da toalha depois do banho. Hã? Só isso? Ele ainda frisou que limpeza de mais faz mal, pelo menos nesse caso. Tudo bem, se é pelo bem dos meus órgãos escutadores, disse ao doutor que seguiria as ordens.
E segui, OK? Durante um mês, ou até mais que isso, deixei a cera rolar solta, fingi que não estava percebendo nada. Quando estava agoniada, fazia um rolinho de papel higiênico e ia em busca do mal que me afligia. Mas um dia o ouvido coçou, levei o dedo até lá e não gostei do que senti. Ah, sou obrigada a admitir que caí em tentação, foi mais forte que eu. E não contente com um, usei outro e mais outro... e foi tão bom!
Passada a compulsão, veio a culpa. E no outro dia fiquei só na toalha, com medo das conseqüências nefastas do meu ato impulsivo.

Hoje sei que ainda não estou curada. mas não desisti. É um dia de cada vez. E um cotonetinho pós-chuveirada, para que a orelha não transborde de tanta cera.