SALTO EM NY
Vamos dar um tempo, João, eu disse. Firme, decidida a tornar esse tempo uma eternidade. Para nunca mais, meu amorrr. Era meu jeito de ir embora, porque estava angustiada com os saltos, meus pés ansiavam o chão para correr livremente, correr para Lúcio ou qualquer outro. Porque eu não tinha espaço. Continuava me excitando quando ele me arrancava a calcinha com os dentes e espalmava a mão na bunda antes de me penetrar, mas o que acontecia fora do quarto não acrescentava mais nada.
João não deu a mínima para o que falei. É sério, cacete! Ele já imaginava a reação, e como resposta quase me esfregou no nariz duas passagens para Nova York, era só fazer as malas e pedir uns dias de folga no bar. Uma semana inteira. João é um grande filho da puta que sente quando as coisas não estão boas pro seu lado. Eu quis pensar com frieza, como se isso fosse razoável depois daquele convite. Era um sonho, sim, mas havia algo mais – Lúcio sabia mais ou menos da história e cobrava o rompimento.
“Dá um pé nesse cara logo!”, ele dizia. Tô tentando, tô tentando... E não via a hora de me livrar de João, meu quase dono e senhor. Mas não seria tão fácil: fiquei olhando os bilhetes sobre a cama com olhos fixos e encantados. Eu guardava um cartão-postal de mamãe de quando ela esteve em turnê por lá, uma das poucas lembranças. João continuou com os beijos, não me envolvi, não consegui. E se eu fosse? Ele acharia com razão que tinha me dobrado e usaria essa artimanha sempre. Nos primeiros sinais de tédio, um presente sob medida, capaz de me virar a cabeça e evitar discussões. E qual o problema? Eu fingiria ter me rendido e ele poderia ficar à vontade para achar o que quisesse.
João teria meu corpo nessa noite, mas eu precisava fazer alguns acertos, já que seriam muitos dias sem ir à aula e trabalhar. Oh meu Deus, que tentação! Enquanto ele me lambia o dedão eu tentava lembrar onde guardara o passaporte. Ainda era válido? Não tinha certeza... fazia tanto tempo que não viajava... Sempre adorei viajar! Ele não reparou no silêncio e foi em frente, me chamou de “putinha” e montou em mim e me pegou pelos cabelos. João podia fazer o que lhe desse na telha, eu não estava ali, sério. Pensava em tudo que conseguiria ver nesses dias, quem sabe um show, ou teatro... E quando ele me penetrou vi que não teria escapatória. Eu me rendo, eu quero, eu vou nessa viagem e ninguém vai me impedir!
Além dessa, tomei outra decisão: ligar logo para Karen e ouvir mais um sermão daqueles. Como você vai viajar? E o cursinho? Não foi pra isso que você veio pra cá? Tudo bem, eu aguentava desde que ela me emprestasse uma mala decente, podia ser aquela vermelha gigante... A pressão por dentro, as estocadas... Também tinha que ligar para Gabriel e pedir dicas de restaurantes.... Nova York!!!
Apertei João dentro de mim, a parte dele que pulsava e ainda me fazia feliz, e gritei que sim, sim, eu queria ir. Me senti uma interesseira, safada, sem-vergonha, cínica e filha da puta, mas foram só dois segundos de culpa e nada mais. Depois a animação foi tanta que eu afundei os malditos saltos no peito dele. Quer saber? Ele adorou!
Logo de manhã retoquei o esmalte vermelho nos pés e separei toda feliz as sandálias preferidas de João. Elas me davam vertigens, mas uma desfilada pelo quarto era suficiente para que João me puxar para a cama. Ora, do que estava reclamando, afinal? Pensando bem nem era um preço tão alto assim.
3 comentários:
Caraaaaaio, véio... Muito bom. Maravilhoso (sem exagero)
É uma teoria que um dia pretendo explicar e comprovar: mulher tem tesão pelo que o homem representa. Por isso elas sempre estão na vantagem...
Bjs!
Você me faz sentir vergonha toda vez que pego o papel para escrever rsrs
As descrições são tão perfeitas, é obsceno sem ser vulgar.
Sou fã!
Eraldo:
O homem não tem isso, não? Tô pensando agora... mas ali a Nina foi é muito interesseira... rsrs
Não queria mais saber do gajo, mas quando ele veio com uma oferta interessante ela se dobrou - naquele momento.
Beeeeeeeeeeijoooo!!!
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Eder:
Não fique assim, não, que eu fico com vergonha.
Confesso: era mais obsceno, mas eu tô fazendo uma releitura light toda semana, sem perder o teor sacana. ;)
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