Mais uma daquelas
Bastou a loira da toalha ao lado dar uma passada de mão nas sedutoras nádegas do seu namorado para o dia na praia acabar mal. Kika não hesitou em rodar a baiana na areia mesmo, sem se importar com os espectadores. Se Caco tivesse mais consideração não aceitaria lambuzar as costas da outra de protetor solar nem deixaria que a estranha se chegasse com tamanha intimidade. Não na sua frente, não no seu dia de folga, em que tinha grandes planos para os dois.
Era humilhação demais, e ele só sabia dizer “desculpa, gata, eu não fiz por querer”, com cara de cachorro pidão. Kika gostaria de quebrar o guarda-sol em sua cabeça e fazer a mulher engolir o tubo de protetor solar. Mas não. Correu para a casa, para a geladeira, para a torta de merengue que tinha feito na noite anterior. Era a preferida dele, e não sentiu pena de comer a metade e jogar o resto da comemoração de cinco anos de namoro no lixo. Depois lambeu os dedos e chorou.
Poderia ter sido mais esperta e contornado a situação de maneira adulta como sua irmã, psicóloga de plantão, vivia aconselhando. Estava magoada, quase arrependida, só que era orgulhosa demais para dar o braço a torcer. Será? O pretinho salvador que ele ajudara a pagar em três vezes sem juros continuava esperando no armário. Será? Olhou-o e imaginou-se feliz novamente, escandalosamente mulher. Impossível não ceder. E Kika cedeu em todos os sentidos - bebeu além do que podia agüentar, atraiu olhares, se exibiu e saiu do bar no fim da noite com o rapaz que não tinha nome.
O porteiro, quase dormindo, não lhe avisou nada. No corredor mal-iluminado faltou pouco para tropeçar em alguma coisa perto da entrada. Provavelmente era o cachorro de Marluce, um vira-lata gordo e manhoso, já meio velho, que odiava dormir sozinho em casa.
Entrou e entregou o molho de chaves nas mãos do convidado para não ter mais que pensar. Estava no limite entre os risinhos afetados e a completa embriaguez. Do lado de fora seu namorado, ou ex-namorado, dormia encolhido no chão frio, abraçado a um buquê de rosas vermelhas e murchas. Belíssimas rosas vermelhas, e murchas.
Bastou a loira da toalha ao lado dar uma passada de mão nas sedutoras nádegas do seu namorado para o dia na praia acabar mal. Kika não hesitou em rodar a baiana na areia mesmo, sem se importar com os espectadores. Se Caco tivesse mais consideração não aceitaria lambuzar as costas da outra de protetor solar nem deixaria que a estranha se chegasse com tamanha intimidade. Não na sua frente, não no seu dia de folga, em que tinha grandes planos para os dois.
Era humilhação demais, e ele só sabia dizer “desculpa, gata, eu não fiz por querer”, com cara de cachorro pidão. Kika gostaria de quebrar o guarda-sol em sua cabeça e fazer a mulher engolir o tubo de protetor solar. Mas não. Correu para a casa, para a geladeira, para a torta de merengue que tinha feito na noite anterior. Era a preferida dele, e não sentiu pena de comer a metade e jogar o resto da comemoração de cinco anos de namoro no lixo. Depois lambeu os dedos e chorou.
Poderia ter sido mais esperta e contornado a situação de maneira adulta como sua irmã, psicóloga de plantão, vivia aconselhando. Estava magoada, quase arrependida, só que era orgulhosa demais para dar o braço a torcer. Será? O pretinho salvador que ele ajudara a pagar em três vezes sem juros continuava esperando no armário. Será? Olhou-o e imaginou-se feliz novamente, escandalosamente mulher. Impossível não ceder. E Kika cedeu em todos os sentidos - bebeu além do que podia agüentar, atraiu olhares, se exibiu e saiu do bar no fim da noite com o rapaz que não tinha nome.
O porteiro, quase dormindo, não lhe avisou nada. No corredor mal-iluminado faltou pouco para tropeçar em alguma coisa perto da entrada. Provavelmente era o cachorro de Marluce, um vira-lata gordo e manhoso, já meio velho, que odiava dormir sozinho em casa.
Entrou e entregou o molho de chaves nas mãos do convidado para não ter mais que pensar. Estava no limite entre os risinhos afetados e a completa embriaguez. Do lado de fora seu namorado, ou ex-namorado, dormia encolhido no chão frio, abraçado a um buquê de rosas vermelhas e murchas. Belíssimas rosas vermelhas, e murchas.