ENTRE HORAS
No rastro da madrugada o pensamento marginal vira palavra, risca a pele que pinga letra e suor fora do verso. Os poros se alargam e se entopem. Sou, serei, fui eu que cometi esse desvario que ultrapassa lençóis e se acumula sob as unhas? Ah, é a palavra, tinha que ser. Nela embarco e dela bebo e me aproveito, busco o traço sem escassez, exponho meu sentimento até que o verbo rasgue, a tinta seque, até eu pecar pelo excesso de paixão na última linha. E, quando me dou por satisfeita, tomba o corpo rubro pelo prazer soletrado. Ponto - de exclamação.
Não mais aquela de ontem.
Reticências.