trinta e oito
AMANTÍSSIMA
O buquê ia passar por mim e acertar a cabeça de alguém. Só estiquei um pouco o braço e apanhei no ar o amontoado de rosas vermelhas. Muitas pétalas se soltaram. E agora, o que eu faço?
Sob os olhares da noiva e dos outros convidados, Gabriel correu na minha direção e me deu um beijo como eu fosse a próxima a me vestir de branco. Não fechei os olhos, não via Renan. Cantar durante a entrada da noiva tinha sido um pretexto para me atrair, e eu aceitei, pensando no que ele faria.
Até aquele momento, nada. Ele havia me encarado quando comecei a cantar a música que escolhera, mas assim que Letícia entrou no salão eu não era mais o foco, ele só tinha olhos para ela.
Gabriel tentou me animar. Ele sabia que eu não gostava daquele tipo de festa nem de ter que segurar o vestido de Karen para caminhar. O tecido varria o chão e me impedia os movimentos.
Bebi, dancei com o pai do noivo sem saber dançar. Ele prometeu me ensinar e fingi acreditar que seria capaz de tal proeza. Cada vez que tentava agarrar uma ponta do vestido pisava no pé do homem com aqueles saltos finos que doíam. Ele ria, muito educado, mas assim que viu o filho passar entregou a tarefa a ele.
Renan mostrou sua boa educação ao beijar o dorso da minha mão, mas eu preferia o de antes, aquele que me obrigou a tomar uma atitude. Esse começou a se manifestar sutilmente depois da terceira música. Senti a mão me apertar as costas. Estávamos colados um no outro, isso dava medo. E excitação. E se os outros percebessem? Pior, se Letícia viesse tomar satisfação?
A mão foi quase até o fim do decote.
- Aqui não!
Ele estava bêbado, eu não. Não a esse ponto.
- Na sala de jogos? - sugeriu. A mão tamborilava ali onde não havia mais tecido, apenas a pele.
- Daqui a meia hora.
Não achei Gabriel nas mesas dentro da casa. Onde ele foi se meter? Pedi um uísque ao garçom para tomar coragem. Ele demorou, eu não sabia se subia as escadas ou procurava Gabriel para ir embora.
Não havia nada acontecendo no andar de cima, e a sala de jogos ficava bem afastada da festa. Mas ainda assim era perigoso. Olhei, vasculhei, ninguém à vista. Só então abri a porta e entrei. A sala estava vazia e silenciosa. Fiquei ali, não sei quanto tempo, brincando de jogar sinuca. Renan veio quando eu não esperava mais que viesse. Trouxe uma garrafa de champanhe e duas taças, não sabia como tinha conseguido subir com isso sem ser notado.
- Oi - ele disse.
- Oi - eu respondi.
Foi tudo que conversamos. Ele afouxou o nó da gravata, eu tirei a calcinha e a joguei sobre o feltro verde. Andei ao redor da mesa e fui colocando as bolas nos buracos. Depois sentei na borda de madeira, puxei o vestido até o joelho. Karen se importaria se de alguma forma eu sujasse o vestido? As mãos, minhas próprias mãos, arranhavam as coxas e iam puxando mais o vestido para cima, e faziam com que voltasse até onde estava, e linhas vermelhas marcavam a pele cada vez mais.
Ele me parou, segurou minhas mãos. Eu apertei as dele. Grandes, bem feitas. Vi a aliança em seu dedo anular, não quis lembrar o que significava a partir daquela noite. Fechei os olhos e lambi esse dedo comprometido, coloquei-o todo na boca e chupei. Lentamente, muito lentamente, envolvi a aliança em saliva e puxei com os dentes. Ele já não prestava mais atenção, eu sabia bem o que queria. Mostrei a língua com a aliança na ponta antes de nos beijarmos.
A aliança foi parar em algum lugar, acho que ele a atirou longe para poder sentir-se mais livre dentro de mim. Eu não usava véu e não tinha mais o buquê nem a calcinha que me afastava desses prazeres proibidos. Tornava-me de maneira oficial a amante que abria os grandes lábios à vontade e mostrava a carne pulsante de que era feita e o convidava a se banquetear nela. E não, não me arrependeria jamais disso.
AMANTÍSSIMA
O buquê ia passar por mim e acertar a cabeça de alguém. Só estiquei um pouco o braço e apanhei no ar o amontoado de rosas vermelhas. Muitas pétalas se soltaram. E agora, o que eu faço?
Sob os olhares da noiva e dos outros convidados, Gabriel correu na minha direção e me deu um beijo como eu fosse a próxima a me vestir de branco. Não fechei os olhos, não via Renan. Cantar durante a entrada da noiva tinha sido um pretexto para me atrair, e eu aceitei, pensando no que ele faria.
Até aquele momento, nada. Ele havia me encarado quando comecei a cantar a música que escolhera, mas assim que Letícia entrou no salão eu não era mais o foco, ele só tinha olhos para ela.
Gabriel tentou me animar. Ele sabia que eu não gostava daquele tipo de festa nem de ter que segurar o vestido de Karen para caminhar. O tecido varria o chão e me impedia os movimentos.
Bebi, dancei com o pai do noivo sem saber dançar. Ele prometeu me ensinar e fingi acreditar que seria capaz de tal proeza. Cada vez que tentava agarrar uma ponta do vestido pisava no pé do homem com aqueles saltos finos que doíam. Ele ria, muito educado, mas assim que viu o filho passar entregou a tarefa a ele.
Renan mostrou sua boa educação ao beijar o dorso da minha mão, mas eu preferia o de antes, aquele que me obrigou a tomar uma atitude. Esse começou a se manifestar sutilmente depois da terceira música. Senti a mão me apertar as costas. Estávamos colados um no outro, isso dava medo. E excitação. E se os outros percebessem? Pior, se Letícia viesse tomar satisfação?
A mão foi quase até o fim do decote.
- Aqui não!
Ele estava bêbado, eu não. Não a esse ponto.
- Na sala de jogos? - sugeriu. A mão tamborilava ali onde não havia mais tecido, apenas a pele.
- Daqui a meia hora.
Não achei Gabriel nas mesas dentro da casa. Onde ele foi se meter? Pedi um uísque ao garçom para tomar coragem. Ele demorou, eu não sabia se subia as escadas ou procurava Gabriel para ir embora.
Não havia nada acontecendo no andar de cima, e a sala de jogos ficava bem afastada da festa. Mas ainda assim era perigoso. Olhei, vasculhei, ninguém à vista. Só então abri a porta e entrei. A sala estava vazia e silenciosa. Fiquei ali, não sei quanto tempo, brincando de jogar sinuca. Renan veio quando eu não esperava mais que viesse. Trouxe uma garrafa de champanhe e duas taças, não sabia como tinha conseguido subir com isso sem ser notado.
- Oi - ele disse.
- Oi - eu respondi.
Foi tudo que conversamos. Ele afouxou o nó da gravata, eu tirei a calcinha e a joguei sobre o feltro verde. Andei ao redor da mesa e fui colocando as bolas nos buracos. Depois sentei na borda de madeira, puxei o vestido até o joelho. Karen se importaria se de alguma forma eu sujasse o vestido? As mãos, minhas próprias mãos, arranhavam as coxas e iam puxando mais o vestido para cima, e faziam com que voltasse até onde estava, e linhas vermelhas marcavam a pele cada vez mais.
Ele me parou, segurou minhas mãos. Eu apertei as dele. Grandes, bem feitas. Vi a aliança em seu dedo anular, não quis lembrar o que significava a partir daquela noite. Fechei os olhos e lambi esse dedo comprometido, coloquei-o todo na boca e chupei. Lentamente, muito lentamente, envolvi a aliança em saliva e puxei com os dentes. Ele já não prestava mais atenção, eu sabia bem o que queria. Mostrei a língua com a aliança na ponta antes de nos beijarmos.
A aliança foi parar em algum lugar, acho que ele a atirou longe para poder sentir-se mais livre dentro de mim. Eu não usava véu e não tinha mais o buquê nem a calcinha que me afastava desses prazeres proibidos. Tornava-me de maneira oficial a amante que abria os grandes lábios à vontade e mostrava a carne pulsante de que era feita e o convidava a se banquetear nela. E não, não me arrependeria jamais disso.
12 comentários:
Eita, que delícia! A competitividade feminina deixa toda a situação ainda mais gostosa, né, Li?
Durante muito tempo tive um delírio (já que não posso chamar de fantasia) envolvendo uma mesa de sinuca. Não era com ninguém especificamente (faz tempo, realmente, porque hoje todas as minhas doideiras têm apenas um personagem fixo...ui!) e tinha aquele clima de professor/aluna, de aprender a manusear o taco (rs) e tal e eu terminava, invariavelmente, deitada sobre a mesa, completamente à mostra.
Enfim, amei, amei, amei o que li!
Beijos enormes!
Perfeitoo...
Beijão
LOoOL. =) Adorei a parte em q vc arranha as coxas pra subir o vestido.
Eu e os Canalhas da vida adoramos a competitividade feminina, para citar o aspecto que Luna citou. Tiramos ótimos proveitos.
Lindo texto, querida!
Sou teu fã!
Bjs!
Eu amo a Nina, Aline, amo HAHA'
mas q sumiço o meu ñ querida?
saudades, mtas saudades de ler essa Nina!!!
vou ficar afastada um tempo por conta do estágio e mto trabalho. mas esqueço de vc ñ.
bjinhoss!
Rita
Luna:
Essas mesas de sinuca são margem pra muita loucura. Nunca fiz nada em cima de uma, mas quem sabe um dia? rs
Já tô esticando a história...
Beijos, Linda Luna!
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Thiago:
Valeu!
Beeeeeijos
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Genny:
Isso é que era vontade, né? Da personagem, não minha. ;)
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Eraldo:
Ainda bem que as mulheres não se engalfinharam pelo rapaz, Já pensou? Só teve o bom e velho sexo no final. rsrs
És um querido!
Beijosss
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Eder:
Ame e dê vexame. A saga da Nina continua. =)
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Rita:
Fica bem, não tem o mínimo problema. Eu também ando muito sumida de todos os lugares... tô prometendo que em abril tomo jeito em tudo na vida. Vou me organizar geral. Já comecei, pelas coisas de casa.
Vamos lá!
Beeeijo pra ti
Esticar a história é uma ideia genial, Li...ui!
=D
Beijos, queridona! Uma semana linda pra ti!
Vi a pegada deixada quase apagando a última palavra! Ótima semana!
A única coisa que eu consigo pensar sobre essa Nina é como ela é, hum...cof cof cof ..sortudinha
=*
Luna:
Os rumos dessa prosa mudaram, nem sei mais qual era o final da outra versão, vou ter que inventar! Que legal! rsrsrs
Beeeeeeeeijo!
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El Brujo:
hein?
Boa semana pra ti também =)
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Dai:
E muitos outros "inhas"... rs
Beijo!
Umas quando leio alimentam o espirito, já outras doem no corpo!
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