PRIMITIVOS
Era um momento estranho. Havia um mês que não procurava Mateus. Estava absolutamente sozinha, mas ocupada tentando me adaptar à banda de Cris. Eles faziam um som mais pesado, e eu estava empenhada em ajudar com o novo repertório.
Cris me desafiou a enfrentar uma plateia de duzentas pessoas num festival. Se me saísse bem poderia ficar e participar da gravação do próximo CD deles. Isso me interessou mais do que as noites com Mateus.
A primeira música saiu no piloto automático, cantei sem errar sob os olhares desconfiados dele. A próxima tinha letra muito longa e complexa que não consegui memorizar, esqueci da metade para o final e Dênis, o baixista, me salvou no vocal. Outras músicas vieram, Cris parou de me olhar.
Acabamos sem muito aplauso, mas me satisfiz por ter conseguido cantar as dez músicas. Cris continuou me ignorando, nem me olhava na cara. Alguém falou em me levar para casa, era caminho, mas avisei que ia beber com eles. Se não para comemorar, pelo menos para aliviar a tensão, principalmente a minha, pois estava certa de que não tinha lugar para mim na banda.
O boteco mais próximo estava quase vazio. Mal sentou, Cris deu um soco na mesa e gritou que meu timbre não combinava com o som que a banda fazia e que eu tinha arruinado a chance deles. Dei de ombros. Estava diante de um idiota com cara de mal e cheio de tatuagens. Ia chorar, me encolher? Fiz um brinde e virei o corpo inteiro.
Cinco cervejas depois ele mostrava os dentes, o que não combinou nada com seu jeito fechado. Eu? Já não falava mais coisa com coisa. No sétima fui puxada para perto dele. Parei de contar as cervejas, esqueci que ele me chamou de amadora e pedi mais um brinde àquele encontro. Cris levantou o copo praticamente no meu nariz e anunciou que haveria lugar para mim na banda desde que eu passasse a noite com ele. Dênis e Salvador arregalaram os olhos.
Ele não me atraía, sério, e nem para ficar na banda eu faria isso. Mas disse que faria porque tinha bebido e sentia falta de sexo. Dei um grande gole e a saideira teve direito a um rápido beijo de língua e aplauso.
Próxima parada: motel. Quarto 12. Agora não dava para voltar atrás. Reparei no quarto para depois comentar com Karen. A cama redonda era coberta por lençóis de cetim vermelho, mais clichê impossível. Torci para estarem limpos. Chuveiro simples, cortinas velhas, cerveja em lata e salgadinhos de pacote na mesma mesa que as camisinhas. É isso.
Ele estava tropeçando nas próprias pernas, com a calça arriada no joelho, mas não tão bêbado que não pudesse me apertar contra o batente da porta. Me empurrou para dentro do banheiro. Pelo espelho trocamos olhares. Ele não era agradável e eu estava longe de me sentir segura, mas não tinha vontade de ir embora.
Cris me apalpou rápido por trás, tirou meu short. Seria bom se fosse outro, Mateus, Gabriel, Bernardo, tanto fazia. Mas não era, que pena que não era. E não precisei de instruções para entender que deveria me debruçar sobre a pia para que ele viesse.
Desse jeito eu o olhava pelo espelho. Ele ainda não me atraía, mas começou a me excitar quando colocou dois dedos na minha boca repentinamente e usou esses mesmos dedos molhados de saliva para me penetrar. Senti que me tateava por dentro, tentava ir mais e mais fundo. Quando não dava mais para se entranhar para dentro de meu corpo, ele tirou os dedos, me mostrou como eu estava úmida e lambeu cada um com voracidade.
Talvez eu não estivesse muito disposta antes, mas agora...
Não pedi, só me segurei no balcão e o recebi. Karen diria que Cris não era bonito, sedutor ou simpático, mas fodia bem. Sim, era o que ele era melhor assim do que escrevendo letra de música. Ele não me fazia ter qualquer tipo de sentimento especial, era meu sexo que segurava e agarrava e abocanhava o dele, era o que importava. E quanto mais eu o engolia mais ele se rebelava contra mim e investia. Nessa batalha que travamos o gozo furioso foi nosso prêmio.
Na cama redonda apenas dormimos. Foi só um papo de boteco depois do show e não iria se falar mais nisso. Cris me deixou em casa perto das sete e foi embora. Eu não disse naquele momento que foi bom, e foi bom, muito bom, mas eu não queria entrar para a banda.
7 comentários:
Nina, deveria fazer Teatro: sua vida é um drama! HAHA'
Fantástico, Nina!
É impressionante como a cada semana é aqui que eu encontro a maior estabilidade e ao mesmo tempo a maior mudança constante...
Muito bom teu livro, minha cara.
Eu amo a Nina já
Bjs!
me fala uma coisa, quando a Nina vai ganhar folhas de papel, capa bonita, e entrar na prateleira das livrarias?
te add no face...
beijos
óia só!! Essa Nina...
Concordo com a Mina hein!
bjos
Rita
Impressionante como cada capitulo prende minha atenção.. Essa história de Nina já virou um vicio! Admiro como descreve tão bem os detalhes de cada momento.
Ah.. e também questiono a mesma coisa que a ''Mina''hehe!
Parabéns mais uma vez...
Bjs Alline, ótimo fds!
Eder:
Drama - assim que é bom. ;)
Beeeijo
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Eraldo:
A Mudança constante é comigo.
Esse livro já virou novela, minissérie, sei lá. rs
Beijos!
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O Cara da Mina:
Antes eu tinha ansiedade em relação a isso, agora tô tão corrida no trabalho que nem penso mais. Será?
Si, si, estamos por lá também, embora eu seja mais perdida do que não sei quê. O Orkut me acostumou mal...
Beijos
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Rita:
Sabe que relaxei? Desencanei total com isso. Tô curtindo esse momento aqui por enquanto. Mas pensei até na capa... rsrs
Beeeeeeijo
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Nanda:
Pra mim tá bacana. Acho que Nina passou no teste. ;)
Não sei se um dia conseguirei publicar, mas se isso acontecer pode ter certeza de que será uma terceira versão - estou em plena segunda agora. rs
Beijo, boa semana pra ti! =D
Muito bem escrito...
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