sábado, 31 de dezembro de 2011


PrA MiM ,
PrA VoCêS,
PrA NóS ToDoS


Eu proponho...
...caminhadas nas nuvens pra conhecer novos recantos do céu...
...passeios de balão nos fins de tarde de cores quentes...
...mergulhos nas águas claras dos sonhos e da imaginação...
...gentileza pra pôr na mesa...
...carinho sem avareza...
...e mais abraços que aconchegam, olhos nos olhos, cheek to cheek, e mais punhados generosos de sorrisos, de beijos cheios de pimenta e vida boa na medida pro que der e vier.


Que 2012 venha com cor, amor e despudor.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011


degelo

goteja
nos picos
castanhos
                                                             
agora hirtos

e corre
água mansa

escorre
preenche pele
até a fenda
e mata
a minha
que
é a tua

sede

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

É teu...
Pra ti, flores da estação na janela. A casa arejada e a porta da frente sempre aberta. O cheiro de banho tomado no corpo, a roupa escolhida com esmero, no ar as músicas que me tocam e quem sabe te tocarão. Os olhos brilhantes de alegria e desejo, os lábios entreabertos, o peito em desassossego esperando tua chegada. Os braços loucos pelo teu abraço, os braços cheios de lembranças do aconchego do teu ombro, do teu cheiro, do teu riso que me anima. E eu, eu aqui, sincera, pura, viva, pulsante. E pra ti, saiba, não se esqueça, pra ti todo o meu amor.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

aqui
transpiro
pensamento

e
quando no mundo
me atiro 
extrapolo
o corpo 
na dança
do desconhecido 
onde calo
me instalo
pra sentir 
transbordar
em mim
a vida

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Você sabe onde aluga um balão?

Hoje estava com vontade de fazer um passeio diferente, sabe? Sentir um medinho pra ganhar abraço perto do céu e poder esticar os dedos e lamber as nuvens. Ei, que gosto será que tem uma nuvem? Você já sentiu? Não me levaria pra descobrir? Eu quero! Quero tanto!!! Prometo ser comportada e não enjoar nem lembrar o meu medo de altura. E mais tarde podemos dançar uma do Frank no ar. 



Heaven
I'm in heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing cheek to cheek...




Você aceita? Diz que sim, vai...

Que horas você passa pra me pegar?

PS: Venha do jeito que estiver, porque não podemos perder tempo.
PS2: Não está no roteiro, mas vou te cobrir de beijos. Xi, falei... rsrsrs

terça-feira, 29 de novembro de 2011

improvisações ao pé do ouvido

fica mais um pouco
até a hora do
próximo beijo
deita, deixa
em mim
a boca
assim
para desnudar
meu cio
que escorre
abundante
na língua tua
me esvazia
me sacia
e depois?

tenros são os gemidos que transformas em música.


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

pApO dE mArCiAnA

O que ele me causa? Ele me encanta, já disse outro dia. Ele tem o olhar de infinito e uma boca... Uma boca cheia de beijos e de palavras que me entram pela pele e se espalham por tudo que há em mim. E é inteligente, o danado! Brinca de ser bobo só pra me fazer rir e provar que tem o dom de levar embora minha seriedade. Dá vontade de repartir o último pedaço do doce, de convidá-lo pra deitar na grama e olhar as nuvens e depois morrer de coceira e de rir com as cócegas. E recitar aquela piada velha que eu nem sei como contar, esperando que ele abra um sorriso. E cantar fazendo junto a coreografia com as mãos, tomar um bom banho... de chuva, pegar pelo braço e sair dançando pela rua, fazer festinha no cabelo enquanto falamos besteira. Mais que tudo dá vontade de abraço. Do tipo que une as fronteiras de nossos corpos, que é aconchego, carinho, doçura e tesão, que é ele, que sou eu, que é a mistura de nós dois.

Sabe o quê? Eu acho que sei... =)



sábado, 12 de novembro de 2011

nessas noites
 
gosto de ouvir
quando chegas
com a noite
do outro lado da rua
e te encaixas 
sem palavras
entre as
minhas coxas
e me causas
entorpecimento
e me umedeces
com o movimento
febril
do corpo
que não
cala o
desejo
e me
embala
no gozo
profundo
dos sonhos teus.


domingo, 30 de outubro de 2011

São essas coisas todas

E desde aquele dia te quero. E sabes que é daquele jeito.

Que não tem outro jeito.

Que só sossego quando tiver um ataque repentino de despudor e ultrapassar a barreira com meu peito no teu peito num abraço descompassado de uma louca que não mede palavras. E não mede o desejo, o tempo de estar. E desconhece o próximo passo. O que será.

É para voar? Estou aqui.

Me tens. Meus lábios, minhas coxas, estou aberta com minha imensidão de cores e sensações, me desfazendo diante dos teus olhos. Lânguida no momento em que passeias em meus pensamentos e brincas de me fazer tua. 

Te espero.


Se não for desse jeito, que jeito tem? Me diz.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

encanto

me visto com a
delicadeza das tuas palavras
que ainda escorrem na pele
feito perfume

deixo que fiquem
e me preencham
os hiatos
e se encaixem
e habitem
o que sou


com as palavras em mim
vou em direção às estrelas

vou te encontrar.



sábado, 8 de outubro de 2011


assim



desnuda-me das palavras
preciso me perder

tira-me da boca o ar
suga-me dos seios o mel

faça-me
queira-me
toma-me
até que eu desfaleça
quente
nua
e
úmida
sobre teu corpo
e assim
tão livre
possa de novo
voar.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PARA LOGO MAIS

Ai, a petulante! Quer amor de roçar a pele, sentar no colo e dizer besteira no ouvido. Quer o corpo amado na cama pedindo sacanagem a noite toda. E ainda quer andar de mão dada sem hora pra chegar, dividir o sonho e o guarda-chuva. Quer ter saudade, mas não morrer de saudade. Quer ficar juntinho no sofá, brindar com copo de plástico, misturar beijo com sorvete e beijar bebendo vinho, misturar as línguas e os desejos. E rir durante o sexo e depois dele. Principalmente depois. Ai, a petulante!


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

nas profundezas de mim

me toco                                                             
sem pausa
invento
no corpo
acrobacias
depravo
descrevo
movimentos
e insinuo
dança
sem medo
de doer

afundo
enfim

me amo

sábado, 24 de setembro de 2011

de nós dois

serei, no teu corpo, o que quiseres que eu seja
não serei mansa, mas saberei te receber

serei poesia em carícias
de dedos

sim,
me atrevo!

serei
noite que te
cobre a pele
de sonhos
e de desejo

serei

até que teu beijo me alcance
e me devasse

então
seremos

inesperados
e únicos

eu e tu.


domingo, 18 de setembro de 2011

Ninho

Quando te procuro
porque estou com saudades
te acho dentro de mim
repousando
em meu coração.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

calmaria

deita entre meus seios
e descansa desses dias
em silêncio
afaga-me
o coração
sobre a pele
vasculha
o que eu
sou
e
seja em mim
tempo bom.


terça-feira, 30 de agosto de 2011


na pele a palavra
Pelas linhas que já conheço
traço longos períodos
de mim
na pele que guarda
a marca
bem pontuada
daquilo que insiste
e caminha nas letras
que
crispam os
pelos
e penetram
na fenda das palavras...
Exclamação!

sábado, 27 de agosto de 2011

miragem

é teu corpo
meu amuleto
cigano
fetiche
que amansa
toda certeza
e torna
possível
o absurdo. 


segunda-feira, 22 de agosto de 2011


a lápis

decoro as linhas
do teu rosto
e te rabisco
à mão livre
em meus olhos
do jeito que te fiz
sujeito da minha
história
no meu traço
imperfeito.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

TANGO

Invades meus sentidos
pela fenda
do vestido

tato

avermelho no ato
e me preparo

é agora?

a mão sobe o joelho
eu tremo
te encaro

suspense

não viro o disco
e suspiro com a mão
que agora desvenda
outra fenda

sou delírio.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Naturalmente

Não sou flor que se cheire
mas quando vens
me abro
pra te ver
retirar
um a um
meus espinhos
e me semear.

domingo, 7 de agosto de 2011

ACONCHEGO

Estive lá onde mora meu coração. Sentei no tronco velho e passei tempo olhando o mar, lembrando de mim. Sorri enquanto os outros bebiam. Fotografei e guardei em mim o cheiro de maresia. Voltei, porque era preciso. Mas ele, meu coração, ficou quase todo lá.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

São dez horas

te penso
vapor quente
escorre pernas
teu dedos
assim
carícias de água
suaves
ensaboadas
vem
tateio pelos,
me beija?
espuma, bolhas
na virilha
já disse
te quero
não demora
a mão
entre as coxas
meu desejo tem pressa.

vem,
tô no banho!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PASSA TEMPO

Brinca de giz de cera
com as cores que se pinta
de menina
no papel canson
pra passar o tempo.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

PARA UM DIA DE SOL
Mesmo que que eu diga que não
vire pro lado,
e me recuse,
o dia vem me puxar pela mão
para outra dança.

Vem!

Eu vou.

Faço manha, ensaio passos
tortos, sou toda drama.

Mas ele mostra que pode
se derramar em sol e céu
sobre mim
e me arrancar um sorriso mais uma vez.

Nele eu estou e ficarei.

JAZZ

A palavra silencia no
corpo ainda morno de amor.

Jaz o disco na vitrola

de tanto tocar
o intocável

alma.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

DELEITE

Ligeira brisa entre as coxas
ondas de maresia, de joia rara,
alma branca de espuma, clara a água
que invade
ávida de pele,
a vida.

sábado, 23 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

 ENCONTRO

Capturo um pouco da tua essência
num beijo roubado.

A gota única,
úmida,
sela meus lábios.

Te guardo.

Dentro
de mim,
na saliva e
nas entranhas.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

RECESSO NECESSÁRIO

Pra colocar ideias, ideais, coração, passos, tudo no seu devido lugar e no caminho. Tempo de redescobrir prazeres meus, tirar do bolso o nariz de palhaço, experimentar, me saber.

Já fui, tô ali, mas volto logo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

LÂNGUIDA

O líquido se faz rubro em 
minha boca
e derrama-se em aromas,
sabores, despudores.

Eu me sirvo dele, me visto dele.

A vida me embriaga.

domingo, 26 de junho de 2011

AFIADA

Língua travessa
atravessa o céu da boca
para contar histórias desconexas
pelas vielas enluaradas
dessas noites de inverno.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

RAPIDAMENTE

A menina no elevador comenta sobre a padaria nova que abriu no posto aqui do lado. Ela louca pelos salgados. Eu, pelos doces.

Cada um na sua, né?

Não, ela precisa lembra que doce envelhece.

E daí? Morro de rugas na cara, mas feliz por comer o que gosto.

Já ela... sei lá. Deixa ela com seus salgados que a tarde chuvosa está só começando.
UM PASSINHO À FRENTE, POR FAVOR?

A mulher dos quereres pede passagem...

No momento só quero, peço, luto pra não ser dominada pelos hormônios. No post que ficou para trás, aquele momento.

Ih, passou! Tô em outra, deixa pra lá. Vamos? Vamos.

Não babando de felicidade feito Pollyanna Moça, mas consciente do que preciso. Presente no barulho da chuva que escorre pelo vidro, nos dedos que palpitam sobre o teclado, nos pés quietos que esperam a hora de reverter o silêncio dos passos e sair, investir, acontecer. O que vier, que seja bom. Eu provo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vamos começar de novo?

Despertei quase às sete, no pulo. Ué, por que o despertador não tocou? Porque estava com horário de despertar no sábado, sua tontona! Ah, tô ferrada mesmo... Mandei mensagem pra saberem que não morri e fui. Saí correndo... de óculos e sem sombrinha, e começou a chover. Paciência. Quando cheguei, dei de cara com o chefe no ponto de táxi. Afff, que sorte! Quando entrei no elevador esqueci de apertar o andar e fui dar uma volta no décimo segundo. Acontece, acontece. Quando finalmente tomei meu lugar na mesa, não tinha água pra beber. Olha a cara feia se armando. E, quando precisava fazer uma pesquisa, a internet caiu. Ah, é assim? Diz, agora diz se não era uma boa eu ter ficado quietinha na cama esperando o feriado chegar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

ABERTA A TEMPORADA DE CAÇA AOS FUROS

O novo colega de trabalho tem pinta de roqueiro, cara de roqueiro... só pode ser. Tem que ser. Cabelo lisão e muito comprido, barba e bigode, roupa toda preta, discreto, quieto, uma voz grave e poderosa que dificilmente se vê por aí.

Além de programador ele tem que ser vocalista de banda, não tem outro jeito.

Pergunto, já na certeza:
- Tu és vocalista?
Ele nada surpreso - no mínimo já ouviu isso trocentas vezes:
- Não...
Eu sei que nessas horas deveria dar marcha a ré e sair de fininho, mas não, eu insisto:
- Não? Mas essa voz...
Ele acha graça e dá a última resposta que eu esperava ouvir:
- É por causa do cigarro.

Oh...

Mostro o riso mais amarelo do mundo, tomo um gole d'água e volto pra mesa. Chega de papo e vamos pensar em trabalhar, por favor. Mas sem cigarro, tá?

domingo, 12 de junho de 2011

DOZE PRA QUE MESMO?

Amor com dia marcado não dá. Amo, incluo vexame no beijo, mas não espero dia 12 pra mostrar. Amor de todo dia vale mais. Sem presente de loja ou compromisso com calendário. Amor sem roupa de festa, de preferência sem roupa nenhuma. Amor com riso, amor sem siso. Amor com amor. Simplesmente.

Fotos: somos nós, claro.

sábado, 11 de junho de 2011

Lola
Qualquer sexta feira dessas, quando você menos esperar, ela vai aparecer. Nessa ela veio de cinta-liga ao som de Miles Davis e trouxe Leoni a tiracolo para tomar um vinho sem compromisso. Será isso mesmo? Tire suas conclusões clicando AQUI.

terça-feira, 7 de junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

quarenta e oito

São Paulo-Floripa


Cheguei à rodoviária em cima da hora e corri com mala, bolsa e violão, arrastando os tamancos, o som da madeira no piso, eu desvairada. Teria sido mais fácil se não tivesse passado a noite no bar com Régis e Tom. E se depois não tivesse dormido o dia inteiro, e não demorasse tanto para fazer a mala. Foi Chico, Chico me chamou! Não sei por que, foi de repente. Uma ligação, eu preciso de você, vem pra cá, me desculpa, a gente tem que conversar. Ansiedade, dele e minha, tudo caindo por terra.

Eu vou, me espera, vou conseguir um ônibus e chego antes do fim de semana.

Fila mais ou menos grande, era o que tinha conseguido em cima da hora. Sem poder fumar, comecei a roer a unha do dedão com o olhar fixo no sujeito mais à frente. Cara de sono, a barba por fazer, um sorriso cínico no canto da boca. Mas o que realmente me prendeu foi o estojo de guitarra que ele levava. Teria banda? Aqui ou lá? Reparei no pescoço, nas costas, imaginava do que ele seria capaz. Cantando ou... Ele falou com o amigo, não tinha certeza se eu era o assunto, mas gostaria que fosse. Estávamos nos encarando em sinal explícito de tesão. Sorrimos ao mesmo tempo, eu apontei meu violão, ele mostrou a guitarra sem sair do lugar. Passei a língua pelos lábios. Anda, pensa logo em alguma coisa! Uma saída, uma frase inteligente. Nem deu tempo, o motorista apareceu e todos foram se amontoando na porta do ônibus.

Na confusão de gente e malas acabei entrando na frente dele. Poltrona ao lado da mulher que falava sozinha na fila. Assim é castigo... Sentei e fiquei alerta, perturbada, pensando no que fazer em seguida. Ele passou no corredor e me tocou de leve no ombro. Boa viagem. Hã? Pra mim? E agora? Virei para espiá-lo, já estava sentando e eu só via uma ponta do cabelo loiro lá no fundo, fora do alcance. Eu que ficasse imaginando o que haveria por baixo do jeans apertado e fosse me masturbar feito uma alucinada no banheiro do ônibus. O banheiro! É isso!!

A mulher quis saber as horas, tentou puxar assunto e falar do tempo, do calor, do preço das passagens, o diabo. Dez horas, dona. A mulher falava sem parar como se o fim do mundo fosse amanhã e ela tivesse que despejar tudo no primeiro que aparecesse, e continuei fingindo que ouvia. Aproveitei que olhou para o lado para colocar os fones. Ela finalmente se calou, resmungando até cair no sono.

O ônibus estava na estrada, a maioria das luzes foi se apagando, mas eu queria fumar, olhava o relógio a cada cinco minutos. O cara da fila voltou a dominar meus pensamentos. Ali estava eu, voltando para casa sem juízo, de olho no sujeito da poltrona dos fundos. Era quase uma da manhã, e a viagem prosseguia. Antes que fosse tarde demais, tirei a calcinha com cuidado e caminhei descalça pelo corredor, tateando entre as poltronas, procurando-o. Torci para estar acordado. Estava, no banco reclinado. Larguei a calcinha em seu colo e fui para o banheiro como uma criança que acabou de fazer travessura, olhando para os lados toda desconfiada, o corpo fervendo por dentro. Só eu mesmo... Não tranquei a porta, tinha certeza de que ele viria. E veio, com a calcinha na mão e a calça desabotoada. O que significava...

No momento seguinte estávamos atracados no cubículo cheirando à desinfetante barato. A barba dele me espetava a boca, eu nem ligava, me esfregava por querer, para saber como era. Ele era minha despedida, eu devia senti-lo seja do jeito que fosse, até o fim, porque depois seria somente Chico. Para sempre Chico em algum lugar longe de todos.

O cara puxou minha saia até a cintura, eu já quase nua, pode me levar, vai! Me animei quando ele me tateou até encontrar os peitos por baixo da camiseta e endurecer os bicos entre os dedos. Era intenso, quase dolorido, eu quero mais, você me toca mais embaixo, aqui... Ele me ouviu sem que eu dissesse nada e invadiu meu corpo com as mãos. Era o que eu procurava quando entrei ali. Revidei tocando o pau ainda dentro da cueca, rijo, pronto, todo meu. É isso que você tem pra mim? Gostei do que vi, queria ter comentado, mas não tive chance. Antes ele se aproveitou do balanço macio do ônibus para me penetrar de uma vez e só teve tempo de dar algumas estocadas e aí veio uma curva e com a falta de equilíbrio ele saiu de mim quando eu começava a conhecê-lo.

Quando me virei de frente para o espelho, perdi o chão de novo, ele me empurrou contra a parede de metal, foi um baque. Frio. Ele veio, a pressão, corpo retesado e quente, o metal gelado atiçando os peitos. Não fui avisada, pressenti, senti que haveria a invasão. Ele me segurou pelos cabelos, me untou de saliva e investiu. Quanto mais me apertava mais eu me soltava nas mãos dele e aproveitava a sensação desconhecida - por trás. Pensei em Dieter, e em Bernardo, eles quiseram tanto e eu não consegui, estava dando para outro, a bundinha tão desejada para o desconhecido com quem não teria nada, mas para quem dava com prazer justamente por isso. Ele aumentou o ritmo e fiquei imaginando se o ônibus todo tinha acordado com meus gemidos abafados. Tremi, até o ônibus tremeu. Ele me puxava contra o corpo dele e eu ia toda obediente. Outra curva, ele mais forte dentro de mim, apertado, quente, dolorido, eu ia gozar, eu vou gozar. Aguardei, estava vindo o gozo mais inesperado da minha vida. Um suspiro meu, e o som dos freios. Mas ele não parava. Ele não parou até cairmos um por cima do outro, arfando, amontoados no chão que virou parede, e rolamos, nos misturamos e eu o olhei de frente. Ele não sorria mais.

Aquilo tudo não era só um orgasmo.

Fechei os olhos para não ver mais. Meu corpo bateu no dele, me segurei ou tentei, em vão. Estávamos caindo, e eu não tinha medo do que podia acontecer comigo, nem de morrer tinha receio, mas não queria ficar mais tempo longe de Chico. Não, isso não. Por favor. Eu faço qualquer coisa, mas o Chico agora não! O que ele me deu homem nenhum vai poder dar. Eu não posso ficar longe dele, meu corpo pede, meu sexo, minhas entranhas. Chico!!!

A porta do banheiro destravou durante a queda e me acertou em cheio no rosto. Doeu, mas não me importei, a dor era o de menos. Abri os olhos devagar e vi tudo vermelho. Depois mais nada, tudo pesou, eu cansei e pensei que Chico poderia trazer um sonho para mim. Quis chorar, mas não pude. E o tempo e a dor e o gozo se foram de mim. E foi só.




terça-feira, 31 de maio de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

quarenta e sete


Sem drama

Saí da cama. Era cedo, devia ser, mas não havia um relógio por perto. Leoni dormia de braços abertos, saciado de mim. Era o segundo consecutivo que o via dormindo nu do meu lado. Vesti a calcinha e fui até a janela. Não chovia mais.
Achei que depois do fim de semana ir embora era o que eu tinha que fazer. Assim, recolhendo as coisas do chão e indo sem deixar rastro. Por algum tempo ia enfeitar as paredes do apartamento dele e excitá-lo com lembranças da sua boca beijando meu sexo, do meu sexo invadindo sua boca. Saber disso me deixava feliz. Também teria a impressão de que meu corpo ia ficar lá, aprisionado nas paredes da sala. Mas eu não era dele, não devia ser assim.


Eu ia deixar esse bilhete no criado-mudo. Escrevi olhando o corpo inerte na cama. Não tinha certeza se alguma vez ele quis saber meu telefone. Acho que não. A calcinha que usei aquele dia no museu ficou com ele em algum lugar, não vi mais. Vesti a camisa usada que seria minha lembrança dele e do museu. Cheirava a perfume e suor. Deitei sobre seu corpo para me despedir. Ele meio que dormia ainda, mas seu corpo respondeu rápido à pressão do meu.

- Você já vai?

Fiz que sim com a cabeça antes de oferecer meus lábios.

- Toma um café comigo. Daqui a pouco a Lola vai chegar.

Abri um p0uco a camisa e ofereci também o bico dos peitos. Ele provou.

- Quem é a Lola? Teu casinho?

- Uma amiga.

As mãos me seguravam por trás.

- Fotografou ela? Não mente!

Deitada sobre ele sentia-o excitado. Enfiei a mão entre nossos corpos para tocá-lo.

- É aquela da entrada.

Aquela de cabelos pretos, duas pequenas cerejas tatuadas sobre os seios, a pele muito branca, a carne rosada onde ninguém podia ver. Fiquei curiosa.

Lola veio e era como na foto. Eu ainda usava a camisa, Leoni estava nu. Tomávamos café, eu no colo dele. E Lola se aproximou, tomou um gole de café da caneca dele e o beijou na boca e me olhou e me provocou:

- Vamos ser nós três?

Não me assustei, sorri. Passei manteiga em uma fatia de pão e ofereci a ela. Lola lambeu toda a manteiga antes de colocar a massa branca na boca, e mastigou e ficou com o batom vermelho todo sujo de farelos de pão. E comeu mais duas fatias cheias de manteiga antes de me beijar. Eu sabia que ela faria isso, estava ansiosa. Ela não. Seus lábios carmim se apoderaram dos meus, deram-lhe a mesma cor dos seus e o gosto de café com pão e algo mais.

Ela conversava comigo enquanto abria cada botão da camisa de Leoni e ria do pau duro dele.

- Acho que você vai ficar para depois, baby.


Fiquei o tempo todo no colo dele. Lola se ajoelhou por mim. Leoni me segurou pelas coxas abertas, a mão provocadora nas virilhas, tão próxima de onde queria que fosse. Mas agora era a vez dela. Apoiada no peito dele, deixei que Lola sentisse que eu correspondia com meu sexo que se contraía e tremulava às carícias que me impunha. Nada parecia combinado, mas fazia sentido. Tinha que ter acontecido Lola pra mim, em mim. A boca grande de batom que continuava manchando por onde passava e me torturou por muito tempo antes de me permitir o gozo.

A manhã já ia longe quando fui para o quarto com Lola, querendo, ansiando prová-la de qualquer jeito. Leoni nos seguiu sorrateiramente, porque sabia que mais cedo ou mais tarde não resistiríamos ao apelo de sua excitação explícita de homem. Fomos três na cama que rangeu sob o mesmo desejo. Leoni dentro de mim, dentro dela, ela dentro de mim, eu dentro dela.

Quando fui embora, eles brincavam com a câmera. O bilhete ficou lá no criado-mudo, eu levei e usei a camisa, e não esqueci mais Leoni e Lola.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

 MANHÃ

A ponta do arco-íris desponta enquanto eu passo de leve pela rua. A mulher leva o neto pela mão e fuma e deixa seu rastro. O homem fardado observa de lado, olhos curiosos por trás do Ray Ban. A menina de tranças fica, encolhida no ponto de ônibus. Sozinha. Cachecol é pouco para ela. E muitas são as nuvens que povoam o céu. Cabeças baixas seguem o mesmo caminhar, o sinal é verde, a pressa é companheira. O relógio não para, as pernas disparam, o dia chegou!

domingo, 22 de maio de 2011

INFAME, MAS FUNCIONA

Eu e colega estávamos indo até a farmácia depois do almoço. Ela queria comprar aquele remedinho pra tireóide e não se lembrava do nome do dito cujo. Tentei:

- Puran? Synthroid?

Ela disse que não era nenhum dos dois e confessou que passava vergonha na hora de comprar, pois não conseguia acertar o nome.

Chutei o último, já que eu também uso (sou uma sem-tireóide):

- Não é o Eutirox?

Ela ficou feliz - era este! Ao mesmo tempo mostrou preocupação. Como manter o nome na ponta da língua? Dei a receita:

- Canta "Eutirox o pau no gato-tô-tô, mas o gato-tô-tô...".

Rimos as duas. Foi infame, não nego, mas até hoje ela diz que não erra mais. Rá!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

quarenta e seis 

UMA TARDE NO MUSEU

Ele me viu escondida atrás da pilastra vermelha e me seguiu até a entrada do museu. Sentia que ele estava presente, não muito longe. Logo alcancei a porta, sabendo que ele estaria atrás da barra esvoaçante do meu vestido. Enrolava-se nas coxas, invadia o vão entre as pernas e ali ficava, me atiçando. Ele tinha pedido: "Eu quero você de vestido".

Não esqueci o recado. Era um vestido bem usado, lilás-claro, solto no corpo. Eu tinha sensação de ser a menina de vestido curto e rodado que ia ao museu.

Entrei com um grupo de senhoras de sotaque engraçado e tentei me misturar. Elas eram barulhentas e engraçadas. A de cabelos vermelhos perguntou meu nome e pediu um cigarro para fumar mais tarde. Estávamos num ambiente de paredes azuis quando percebi que alguém se encostava por trás. Era Leoni.

Até que enfim!

- Tira a calcinha.
A voz dele me acariciou o pescoço.
- E traz pra mim. O banheiro é ali – apontou discretamente. – E coloca isso.
O pacote fazia parte da brincadeira, agora eu sabia. A Hilda, aquela dos cabelos ruivos, me olhou de relance e disfarçou. Ela tinha ouvido!

A lycra preta virou um pequeno montinho que desapareceu em minhas mãos. No pacote havia uma borboleta com duas cintas. Era um vibrador, ele queria que eu usasse um vibrador do museu! Quando saí do banheiro com todo aquele equipamento entre as pernas, o grupo estava mais adiante, olhando uma escultura. Achei que todas iam se voltar para mim e me apontar o dedo, me acusar.

Não. Leoni permanecia junto delas, com a mão pousada no ombro de Hilda. Assim que me viu, ela se afastou. Sábia mulher!

- Toma.

A mão dele, a mão quente e úmida que queria me tocar pegou a calcinha, passou no nariz e pôs no bolso de trás da calça.

- Eu gosto desse cheiro.

A outra mão deslizou pela cintura até chegar no quadril, e desceu mais para tocar a barra fina do meu vestido rodado de menina. Ele puxou, amassou e levantou muito pouco o tecido em busca de pele.

- Abre um pouco a perna.

Vi a câmera com ele.

- Você ficou louco – ri. – Daqui a pouco mandam a gente embora daqui.

- Não mandam, não. É só fazer como eu mando. Abre a perninha, mas não sai do lugar. Olha aquele quadro ali, fica parada.

Eu estava meio nua, livre, desimpedida, disponível como ele tinha pedido. Mas só ele sabia. Talvez a Hilda, mais ninguém. E ele me clicou sem ser notado por baixo do vestido. Aquele som seco de foto tirada onde eu não podia ver.

Seguimos com o grupo para outra sala, sempre os últimos.

Havia apenas quadros e as mulheres se embolaram em volta de cada um, todas querendo ler ao mesmo tempo a descrição na parede.

- Você está preparada?

- Tem câmera aqui, você não viu?

- Eu sei o que eu tô fazendo.

Ele girou o botão devagar. Hilda me olhou, não parou mais. Eu gozava pela expectativa, tentava fugir dele, era bom, mas eu não aguentava. Ele me segurava por trás, me sentia, a minha fome de tê-lo, de alimentá-lo com meus fluidos e me deixar revirar por dentro depois das estocadas, o pau que me encontrava pronta, os gemidos... mais um quadro, Hilda me encarando e entendendo tudo, a borboleta flertando com meu clitóris, me amaciando, pressionando, pulsando sem parar... mais um quadro, mais um quadro, mais, mais... um clique, uma contração que tentei disfarçar e não consegui... outro quadro, eu suava e não tinha ainda o pau dele, eu ainda... achei que ia babar, umedeci os lábios de saliva antes de mordê-los, Leoni se deliciou e aumentou a velocidade, só um pouco. Meu peito se ergueu quando me esforcei para respirar, fechei os olhos... mais um quadro? Tantas telas, paisagens, corpos de mulheres nuas... mais, me dá mais disso, vem, levanta esse vestido, coloca o dedo... vê como eu tô molhada? Eu vou inundar esse salão! Sentia que ia me escorrer pelas pernas... eu preciso andar e ver mais quadros? O movimento só aumentava minha vontade... eu não vou aguentar, você não vê? Latejava toda, passava mal. Eu passava de todos os limites. Mais, mais, me dá... quadro... teu pau... me chupa?

As senhoras acharam que eu tinha um ataque epilético enquanto eu gozava e me debatia a caminho do banheiro. Ia pelos braços, Hilda de um lado, Leoni do outro.

Com delicadeza, Leoni me livrou daquela borboleta que me fez doida entre as senhoras no museu. Depois me teve no canto do banheiro, de pé. Não havia mais perigo porque Hilda cuidava da porta, mas de vez em quando olhava pelo espelho e gostava do que via.